Mercado segurador lidera discussão mundial sobre o clima

Setor de seguros lidera discussão mundial sobre o clima

Os efeitos das mudanças climáticas no mundo são sentidos com mais frequência nos últimos anos. Em 2022, os desastres naturais resultaram em perdas econômicas globais de US$ 275 bilhões, segundo o relatório global da Swiss Re. Destas perdas, US$ 125 bilhões foram cobertas por seguros. Foi o segundo ano seguido em que as perdas seguradas de catástrofes naturais excederam a marca de US$ 100 bilhões.

Além dos impactos econômicos dos eventos climáticos extremos, a sociedade dos países afetados sente na pele os problemas em decorrência da mudança do clima. No Reino Unido, na metade do ano passado, os termômetros londrinos registraram pela primeira vez uma temperatura superior a 40ºC. Enquanto na França, tempestades de granizo bateram recorde mais uma vez.

Eventos de grande magnitude estão acontecendo em toda parte do planeta, inclusive no Brasil. Em fevereiro deste ano, durante o carnaval, as pancadas de chuva no litoral Norte de São Paulo, sobretudo na cidade de São Sebastião, causaram deslizamentos de terra na região, deixando vítimas fatais, famílias desabrigadas e prejuízos patrimoniais, como casas e veículos. A comissão de seguro auto da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) registrou o atendimento de 6,5 mil veículos na região.

Os setores de produção da economia global assumem responsabilidades que visam diminuir esses variados eventos climáticos e seus efeitos na sociedade. O mercado de seguros, porém, é líder nessa discussão, segundo Andressa Meireles, Superintendente de Engenharia de Riscos da Zurich.

Andressa Meireles, Zurich

A seguradora desenvolve anualmente o relatório Global Risks Report, que é divulgado junto a outras instituições, como o Fórum Econômico Mundial e a Universidade de Oxford. Andressa alerta que há anos os riscos associados às mudanças climáticas estão no topo da lista dos riscos globais identificados pelo estudo e que a produção desse relatório é uma forma de aprofundar a discussão de maneira geral.

Dessa forma, conta Andressa, “podemos ajudar nossos clientes a se protegerem contra esses riscos, bem como melhorar a subscrição de riscos, precificação dos produtos, o rol de coberturas e produtos contemplados pela seguradora, bem como na sinistralidade das companhias”.

Para a gestão do risco, a superintendente da Zurich considera que o corretor tem um papel especial, ajudando a definir os produtos e os serviços mais adequados às suas necessidades. “Ele é o profissional que conhece de perto o contexto em que seus clientes estão inseridos e pode oferecer as melhores soluções disponíveis no mercado”.

Além de proteger a vida das pessoas, o patrimônio delas e também as empresas, as seguradoras visam se proteger a si próprias para garantir a sua saúde financeira diante das consideráveis perdas dos últimos anos.

Segundo o relatório da Swiss Re, em 2022 os desastres naturais causaram danos à propriedade em todo o planeta e, por isso, a demanda por cobertura de seguros cresceu. Enquanto isso, a inflação aumentou nos últimos dois anos, com uma média de 7% nas economias avançadas e de 9% em economias emergentes.

Jérôme Jean Haegeli, Group Chief Economist da Swiss Re, classifica o atual cenário das companhias como “tempestade econômica”. Segundo ele, as taxas de juros globais provavelmente terão que aumentar ainda mais, dada a pressão inflacionária existente. “Isso significa custos de financiamento elevados e, como resultado, é provável que os fornecedores de capacidade permaneçam mais cautelosos na mobilização de capital por uma série de razões, incluindo a avaliação de risco e o histórico de perdas”, analisa.

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De acordo com Caio Carvalho, Diretor de Riscos da MDS Brasil, as corretoras são essenciais para evitar perdas também nas seguradoras. “A MDS Brasil desempenha um papel fundamental, pois ela ajuda as empresas a identificar os riscos e as oportunidades associadas ao seu negócio e a selecionar o conjunto de seguros que melhor atenda às suas necessidades”, explica. “A corretora de seguros pode ajudar as empresas a mitigar os riscos e a encontrar soluções de seguro que garantam a saúde financeira da empresa em caso de perdas decorrentes de eventos climáticos”, complementa o executivo.

Caio Carvalho, MDS

Onde se aplicam os produtos de seguros?

Antes da mudança climática se tornar pauta no mundo, os agricultores de boa parte do planeta, sobretudo no Brasil, já se preocupavam com eventos em decorrência do clima, como tempestades e períodos de seca, por exemplo. Com a discussão migrando do campo para as regiões urbanas, boa parte da sociedade brasileira está se mobilizando para ao menos entender as consequências atuais e futuras desse fenômeno.

Consequentemente, a cultura do seguro contra os eventos do clima ainda são pouco conhecidas no país. O produto um pouco mais conhecido é o Seguro Paramétrico, que protege os segurados contra perdas financeiras decorrentes de eventos naturais. Ele utiliza parâmetros pré-definidos para acionar a cobertura, como magnitude do terremoto, velocidade do vento, volume de chuvas, entre outros.

“Embora o Seguro Paramétrico tenha muitas vantagens em relação aos seguros tradicionais, ele não deve ser considerado uma substituição completa”, conta o Diretor de Riscos da MDS Brasil. O que difere o paramétrico do tradicional, explica Carvalho, é que enquanto o primeiro é ideal para eventos climáticos e desastres naturais que podem ter impacto em uma ampla região, o segundo é mais adequado para perdas individuais e personalizadas. 

“Além disso, os seguros tradicionais podem cobrir outros tipos de danos, como acidentes automobilísticos, roubo, responsabilidade civil, entre outros. Portanto, é importante avaliar cuidadosamente as necessidades e os riscos antes de escolher a modalidade de seguro mais adequada”, distingue o executivo.

Para Filipe Macedo Neves, Diretor Geral de Risk Solutions da Lockton Brasil, o brasileiro ainda não possui a cultura especificamente desse seguro porque no país ainda não ocorreram catástrofes que atingiram todo o território nacional. “Aqui há um ambiente mais novo de catástrofes que não atingem várias cidades, pessoas ou empresas. Em outras partes do mundo, há lugares que precisam se reconstruir, por exemplo. Já no setor agrícola, os seguros dessa natureza são muito comuns, mas impactam poucas pessoas”, afirma.

Filipe Macedo Neves, Lockton Brasil

O executivo esclarece que patrimônios expostos a riscos, das residências até empresas de grande porte, podem estar cobertas pelo seguro. Ele alerta, porém, que grandes empresas costumam ter apólices da modalidade “all risk”, produto importante, mas que pode se tornar uma dor de cabeça para quem não conhece suas exclusões.

Para o diretor da Lockton Brasil, o corretor é fundamental na orientação dos clientes e em expandir a imagem do seguro para a sociedade. “Nosso papel é dar um pouco de publicidade positiva do que o mercado vive e aprender um pouco a história do outro”, finaliza.

Leia, por fim, a 31ª edição da revista:


Seguro Nova Digital #31







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