Por Regina Lacerda*
“Brasília não tem corretor de seguros”, afirmou com tom firme e postura autoritária à minha pergunta.
Olhei para ele assustada porque àquela altura já éramos pelo menos cem corretores. Jovens que haviam se formado na primeira turma de corretores de seguros da ENS, à época FUNENSEG.
Eu tinha pouco mais de 20 anos de idade abrindo a Rainha Corretora e, de fato, estávamos todos em início de carreira, na também jovem Brasília que começava a despontar.
Me lembro bem que a resposta despertou em mim alguns sentimentos: num primeiro momento indignação, porque afinal eu já era corretora de seguros; depois, certa revolta de quem é muito jovem e tem certeza de que está mudando o mundo. E em seguida me desafiou: vamos ver se não tem mesmo corretor de seguros em Brasília, respondi em meu interior.
Mas ele se referia a experiência de exercer a profissão, ao conhecimento do produto, a estratégia de marketing, a network e relacionamento com o cliente, coisas que ele era mestre e sua corretora, expert.
Um tempo depois desse encontro com Henrique Brandão em Brasília tive a honra de receber um telefonema da Revista Previdência, à época uma das maiores revista do mercado de seguros. Eles queriam entrevistar aquela jovem corretora que havia se destacado como referencial de credibilidade pela FUNENSG, encenando, ao lado de outras 3 mulheres a campanha nacional, veiculada nas maiores revistas femininas do país, SEGURO, UMA VOCAÇÃO DA MULHER.
Eu que já admirava a força, a altivez, a coragem e a liderança de Henrique Brandão passei a admirá-lo ainda mais pela capacidade de gerar em mim indignação com a resposta que deu à pergunta que fiz: “Por que você vem do Rio de Janeiro com a sua corretora Assurê vender seguros em Brasília?” É claro que ele dominava os seguros de vida para entidades sindicais, órgãos federais e outros segmentos, coisa que a gente não tinha experiência para fazer naquela época.
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Há dois anos estive pela última vez com Henrique Brandão, quando tomei posse na Academia Nacional de Seguros e Previdência. Trinta anos se passaram e lá estava ele com o mesmo sorriso, alegria, disposição e voz firme. Desta vez, acompanhado de sua filha, Erika Brandão Gleicher, com quem tive a felicidade de assumir uma cadeira na imortalidade.
Nos abraçamos, conversamos um pouco e rimos juntos relembrando essa história. Percebi como tinha sido importante ter sido desafiada por ele a mostrar que sim, Brasília tinha corretores de seguros. Profissionais que buscaram aprender com seus antecessores, se desenvolveram com humildade, trabalho duro e resiliência e construíram suas carreiras se espelhando em exemplos de lideranças firmes como Henrique Brandão, à frente do SINCOR RJ.
Obrigada, Henrique Brandão, por esse e tantos desafios que você nos instigou a aceitar. Obrigada por ter sido um líder altruísta, implacável e incansável na luta pela defesa da categoria de corretor de seguros e de toda indústria de seguros. Obrigada por seu legado. Muito obrigada. Você é imortal!