Thaynara Andretta e Anelise Roberta Belo Bueno Valente
A tendência é que, com o avanço da mobilidade conectada, a evolução tecnológica dos veículos e da inteligência artificial, a telemetria se torne padrão no setor
Por: Thaynara Andretta e Anelise Roberta Belo Bueno Valente*
Com o avançar da tecnologia, o setor de seguros passou por transformações significativas. Uma dessas inovações impactantes é a telemetria veicular, ferramenta que permite monitorar o comportamento do motorista em tempo real.
Essa tecnologia vem sendo incorporada em seguros, pois muda a forma como as seguradoras analisam os riscos e, principalmente, como os motoristas são avaliados, o que gera a oferta de planos mais personalizados e justos, alinhando os custos do seguro ao real perfil de condução do segurado.
A telemetria consiste, portanto, na coleta e análise de dados por meio de dispositivos — como GPS, acelerômetros e sensores de frenagem – que permitem monitorar o comportamento do motorista. Por meio destes dispositivos instalados no carro ou até mesmo por aplicativos no celular, são coletadas informações como velocidade, freadas, acelerações, curvas, horários de uso do veículo e até o percurso. Esses dados são transmitidos para as seguradoras, que podem avaliar hábitos de direção do motorista e entender com muito mais precisão como ele dirige.
A principal vantagem para o segurado é a personalização do prêmio, ou seja, a possibilidade de pagar um seguro mais justo. Em vez de ser avaliado apenas por fatores genéricos como idade, sexo ou região do domicílio, agora o que realmente conta é a maneira como o condutor dirige. Quanto mais responsável o motorista for ao volante, menor pode ser o valor do seu seguro.
Também há outras vantagens, como maior segurança, pois a partir dos feedbacks sobre a forma de direção, o condutor pode buscar melhorias em seus hábitos ao dirigir. Outro ponto positivo para o segurado é a possibilidade de assistência em tempo real, através da notificação automática e instantânea à seguradora em caso de acidente, o que ocorrerá pelos dispositivos instalados no veículo ou aplicativos em uso.
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Como a relação seguradora e segurado é bilateral, as seguradoras também têm benefícios com o uso dessa tecnologia, já que ao conhecer melhor o perfil dos motoristas, conseguem calcular os riscos com mais exatidão, reduzir fraudes, melhorar a gestão das apólices e fidelizar clientes, por meio de programas de bonificação. Com isso, todo o sistema se torna mais eficiente.
Apesar de todas as vantagens, a telemetria ainda enfrenta certa resistência. Muitas pessoas se preocupam com a privacidade dos dados, temendo que suas informações sejam usadas de forma indevida. Por isso, é fundamental que as seguradoras sejam transparentes quanto à coleta e ao uso desses dados, garantindo segurança e ética no processo.
Outro desafio é a aceitação do público. Nem todos estão dispostos a ter sua forma de condução veicular monitorada em tempo real — mesmo que possa lhes trazer benefícios financeiros. Mas a tendência é que, com o avanço da mobilidade conectada, a evolução tecnológica dos veículos e da inteligência artificial, a telemetria se torne padrão no setor. No Brasil, algumas seguradoras já oferecem esse tipo de produto, com crescente adesão especialmente entre motoristas de aplicativos e frotas corporativas.
A telemetria no seguro auto, portanto, representa um avanço que beneficia tanto as seguradoras quanto os segurados. A personalização, a segurança e a transparência são pilares dessa transformação. Contudo, é essencial que o uso dos dados seja feito com responsabilidade e transparência, garantindo a confiança dos consumidores e o equilíbrio entre tecnologia e privacidade.
*Thaynara Andretta e Anelise Roberta Belo Bueno Valente são advogadas no escritório Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica.
