Ter acesso à saúde privada e envelhecer com qualidade de vida estão entre os principais desejos do brasileiro
Texto publicado, originalmente, na 54ª edição da revista digital.
Uma pesquisa realizada pelo IESS/Ibope revelou que contar com um plano de saúde é um dos principais anseios da população. Entretanto, em um país com profunda desigualdade econômica, apenas um quarto da população tem um convênio médico tradicional.
Diante desse cenário, empresas vêm surgindo como alternativa mais acessível e apresentando produtos atraentes às pessoas que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS).
É o caso da doc24, empresa argentina que aterrissou no Brasil há seis anos e que vem revolucionando o setor com a proposta da saúde digital. A companhia integra tecnologia, uso de dados, inteligência e humanização com o objetivo de oferecer um cuidado personalizado. “A companhia promove um modelo de saúde digital e preventiva, que combina telemedicina, monitoramento remoto, integração de dispositivos e consultórios inteligentes”, explica Daniel Prieto, Diretor Geral da doc24 no país.
Seguro Nova Digital – O que motivou a doc24 a expandir sua operação para o Brasil há seis anos?
Daniel Prieto – O Brasil sempre foi considerado um mercado estratégico para a doc24, considerando sua extensão e complexidade do sistema de saúde, além do potencial de crescimento em soluções digitais. Observamos desde o início um mercado ainda carente de alternativas acessíveis e ágeis de atendimento médico.
A expansão para o Brasil nos permitiu contribuir com um ecossistema de saúde mais inclusivo e inovador, trazendo nossa expertise em telemedicina e atendimento remoto personalizado.
SND – A empresa é argentina. Qual é a visão estratégica que a companhia tem com suas operações aqui no país?
DP – O Brasil é hoje uma das operações mais estratégicas para a doc24, tanto pelo tamanho do mercado quanto pela necessidade real de soluções que ampliem o acesso à saúde de qualidade.
Nosso foco é crescer de forma sustentável, acompanhando o avanço da saúde digital no país, sempre em parceria com o setor de seguros, operadoras de saúde, hospitais, empresas e corretores.
Seguimos investindo em tecnologia, inteligência de dados e na expansão de novos produtos, como nossa linha de bemestar corporativo focada no cuidado integral, com destaque para a saúde mental, incluindo psicólogos e psiquiatras, que hoje representam uma das maiores demandas no Brasil.
Também mantemos o desenvolvimento dos nossos consultórios inteligentes, integrando telemedicina e dispositivos de monitoramento remoto para exames e triagens em regiões com baixa oferta de serviços médicos presenciais. A visão da doc24 é democratizar o acesso a médicos qualificados, promover qualidade de vida e fortalecer um ecossistema de saúde híbrido, que atenda todos os perfis de população, especialmente em locais de difícil acesso.
SND – Qual é o balanço que você faz desse período da empresa no Brasil?
DP – Hoje, após seis anos de operação no Brasil, consolidamos a doc24 como referência em soluções de telemedicina B2B, com mais de 15 milhões de beneficiários na América Latina (Argentina, Brasil e México como principais mercados), sendo 4 milhões de usuários brasileiros e mais de 250.000 consultas mensais realizadas por meio da nossa plataforma.
Temos parcerias sólidas com operadoras de saúde, hospitais e empresas de diferentes setores, dentre eles o universo das seguradoras. Players como Prudential, Alper, Klimber, Mercado Pago confiaram no potencial de expandir o atendimento em saúde e reduzir custos com a doc24. E mais do que números, nosso maior balanço é ver a digitalização da saúde avançando no país, com impacto real na vida das pessoas. A digitalização na saúde vai além de simplesmente colocar serviços médicos online. Trata-se de integrar tecnologia, dados, inteligência e, claro, humanização.
Tudo isso para oferecer um cuidado mais eficiente, acessível e personalizado. A doc24 atua justamente nesse ponto, promovendo um modelo de saúde digital e preventiva, que combina telemedicina, monitoramento remoto, integração de dispositivos e consultórios inteligentes.
SND – A doc24 é pioneira disso aqui no Brasil?
DP – Sem dúvida. Fomos uma das primeiras empresas a estruturar uma plataforma completa de telemedicina no Brasil, antes mesmo do período da pandemia. Chegamos em 2019 já com staff médico próprio 24/7, integração com sistemas de gestão e soluções adaptáveis para diferentes segmentos.
Evoluímos em um ecossistema de saúde digital, como aplicativo de saúde e bem-estar para o setor corporativo com foco em saúde mental. Além disso, trouxemos uma linha de consultórios inteligentes, que expande ainda mais o atendimento em saúde e proporciona a realização de exames combinando modelo remoto ao processo físico. A nossa abordagem personalizada, que une tecnologia de ponta com atendimento humanizado, nos posicionou como referência no setor.
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SND – Apenas um quarto dos brasileiros é beneficiário de planos de saúde. Como ampliar o acesso à saúde privada?
DP – A chave para ampliar o acesso à saúde privada está justamente em soluções escaláveis como a telemedicina, que democratizam o atendimento médico. Através da doc24, as empresas conseguem oferecer benefícios de saúde digital para colaboradores e dependentes a custos muito mais acessíveis do que modelos tradicionais.
Isso também se reflete no mercado de seguros, onde vemos as operadoras incorporando soluções digitais para atingir públicos antes desassistidos.
SND – Quais são as particularidades do mercado de saúde brasileiro?
DP – Brasil é um país de dimensões continentais, com uma diversidade muito grande de perfis de usuários, que vão desde grandes centros urbanos até regiões remotas, interioranas e ribeirinhas. Uma das principais particularidades do mercado de saúde brasileiro é justamente a desigualdade na distribuição de profissionais de saúde: mais de 50% dos médicos estão concentrados na região Sudeste e, somando com o Sul, essas duas regiões concentram mais de 70% dos médicos do país, segundo estudos do setor.
Isso significa que grande parte da população brasileira enfrenta dificuldades de acesso a especialidades médicas e atendimento de qualidade, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Somado a isso, há o desafio dos custos elevados dos planos de saúde tradicionais, o que limita o acesso de milhões de brasileiros à saúde privada. Esse cenário cria uma demanda natural por soluções de saúde digital, como a telemedicina, o monitoramento remoto e programas de bem-estar corporativo, que democratizam o acesso a médicos qualificados e ajudam a promover uma gestão mais eficiente da saúde.
SND – Na sua avaliação, qual é o papel do corretor de seguros na digitalização do setor?
DP – O corretor de seguros no Brasil exerce um papel estratégico e consultivo, não apenas na distribuição dos planos de saúde tradicionais, mas também na expansão da saúde digital e preventiva. Hoje, mais do que comercializar planos, o corretor orienta empresas e pessoas físicas na escolha de soluções inovadoras e novas tecnologias integradas à jornada de cuidado.
SND – Qual é a sua expectativa em relação ao futuro do setor?
DP – Vejo o futuro do setor de seguros de saúde cada vez mais conectado a um modelo híbrido, em que o digital e o presencial se complementam de forma inteligente. A saúde digital já deixou de ser tendência para se tornar uma realidade consolidada, trazendo eficiência, agilidade e maior alcance no cuidado com as pessoas.
A expectativa é de que as soluções integradas ganhem ainda mais espaço dentro dos produtos de seguros e planos de saúde. Essa combinação permite não só reduzir custos e sinistralidade, mas também oferecer uma jornada de cuidado mais personalizada para beneficiários.
SND – A telemedicina é um instrumento usado antes da sua regulamentação. Nesse período, quais foram as mudanças mais significativas do setor?
DP – A regulamentação oficial da telemedicina no Brasil trouxe segurança jurídica para operadoras de saúde, médicos e pacientes. Mas o mais relevante foi a consolidação de um novo comportamento: o brasileiro passou a confiar no atendimento remoto e a exigir essa opção como parte integrante de sua jornada de saúde. Estudos da Fenasaúde apontam que, de 2020 até o final de 2022, cerca de 11 milhões de consultas foram realizadas por telemedicina no Brasil. Em 2023, esse número já saltou para 30 milhões, um aumento de 172% no volume de atendimentos em apenas um ano.
Além disso, houve avanços significativos em termos de integração tecnológica entre plataformas de gestão hospitalar e operadoras, maior aderência às normas de proteção de dados (LGPD) e ampliação do leque de especialidades oferecidas por vídeo, como psicologia, nutrição e acompanhamento de pacientes crônicos. Esses fatores combinados transformaram a telemedicina de uma alternativa emergencial para um pilar permanente da saúde digital no Brasil.