Flexibilização do seguro auto é positiva, mas repleta de desafios, aponta especialista

Flexibilização do seguro auto é positiva, mas repleta de desafios, aponta especialista

Regina Lacerda, CEO da Rainha Corretora de Seguros

Para as mudanças vingarem, executiva explica que o consumidor deverá estar informado sobre todas as possibilidades de segurar o seu bem e fazer parte dessa mudança

No dia 1º de setembro começou a valer novas regras no seguro auto. Elas, segundo a Susep, visam aplicar o acesso à carteira no Brasil. Isso porque, embora seja o ramo mais popular do país, hoje ele cobre pouco mais de 30% da frota de veículos. Entre as mudanças, por exemplo, está a possibilidade de o seguro ser contrato mesmo sem a identificação exata do veículo.

Em entrevista exclusiva à SND, Regina Lacerda, CEO da Rainha Corretora de Seguros, comentou quais os impactos da flexibilização do seguro auto no mercado e também na atuação dos corretores. A executiva considera que as seguradoras vão ter o desafio de criar, inovar e focar em produtos que sejam adaptados para cada consumidor.

Seguro Nova Digital – Qual é o seu posicionamento acerca dessa nova legislação que visa flexibilizar os modelos de coberturas do seguro auto no Brasil?

Regina Lacerda  – Eu recebi com muito entusiasmo essa mudança. Importante este momento de inovação que estamos vivendo no Brasil, também em razão da pandemia. De certa forma fomos forçados a usar muito mais a tecnologia e nesse ambiente de inovação estamos sendo surpreendidos com coisas extraordinárias.

S.N.D – Por que essa mudança é importante?

R.L – Considero relevante apresentar ao consumidor opções que vão além de um seguro “quadradinho” onde só se podia comprar daquela forma. Para quem vende seguro de automóvel sabe que ter apenas duas opções como cobertura compreensiva ou roubo e furto era, de certa forma, muito sem graça. O fim das restrições às combinações de coberturas, poder oferecer cobertura para o casco ou furto, ou roubo e colisão, o sistema “combo”, pode ampliar as possibilidades de contratação de mais coberturas e certamente aumentar a carteira de negócios do corretor de seguros que souber oferecê-las.

S.N.D – Um dos pontos em destaque é a contratação do seguro sem a identificação do veículo. Como você analisa essa questão?

R.L – A possibilidade do seguro ser contratado sem a identificação exata do veículo também é extraordinária porque vai proporcionar cobertura a motoristas de aplicativos e condutores que adotam o compartilhamento de veículos ou que utilizam veículos no modelo de assinatura. O seguro precisa ser cada vez mais acessível a proteger a vida e o patrimônio das pessoas. E nisso, penso que estamos avançando com a Circular 639.

S.N.D – Na sua análise, essa mudança pode aumentar a penetração do seguro auto no Brasil?

R.L – Certamente que sim. Oferecer coberturas vinculadas ao condutor e não mais a critérios baseados no valor do veículo pode trazer um público interessante. A flexibilidade na contratação de coberturas vai trazer um preço mais baixo e atrair um consumidor de menor renda que está, por exemplo, optando hoje pela proteção veicular.

É necessário ampliar a frota de veículos segurados no Brasil, que hoje é de apenas 33% considerando automóveis com até 10 anos de fabricação e trazer novos consumidores para este seguro. Quando se tem coberturas flexíveis e preços competitivos mais pessoas podem ter acesso ao seguro.

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S.N.D – No seu ponto de vista, haverá desafios de adaptação?

R.LOs desafios serão muitos, uma vez que o consumidor deverá estar informado sobre todas as possibilidades de segurar o seu bem e fazer parte dessa mudança, ou seja, desejar contratar seguros dentro da sua realidade e que façam sentido para ele. Assim, ampliar a cultura do seguro.

Por outro lado, as seguradoras terão um dever de casa muito grande para fazer, exigindo criatividade, inovação e foco no cliente para produzir produtos que, de fato, sejam atrativos para todos, incluindo a rentabilidade do negócio. Com menos restrições regulatórias e mais competição creio que será possível gerar um ambiente moderno que favoreça a todos.

S.N.D – No seu ponto de vista, como os corretores devem se adaptar a essas mudanças?

R.L – Não vejo a palavra adaptar como a melhor nesse caso. Porque, quando você se adapta, logo vem outro desafio para te direcionar a algo melhor ou maior. O corretor de seguros precisa em primeiro lugar processar dentro de si a certeza de sua relevância enquanto profissional que presta consultoria. Esse profissional não está fora de moda, nem fora do mercado. Depois precisa modernizar sua conduta pessoal, empresarial e seu modelo de negócio para agregar valor o tempo todo ao cliente, tornando-se indispensável.

Fazer um novo modelo de negócio significa estar atendo a comercializar outras modalidades de seguros, a parcerias, a vendas por canais digitais e a identificação de um ou dois produtos nos quais possa ser especialista. Prestar uma consultoria a um nicho específico de mercado pode ser uma boa forma de retenção de clientes e remuneração, uma vez que para a maioria dos corretores de seguros (empresas pequenas, médias e familiares) o volume de vendas nem sempre é possível.

Não só corretores de seguros mas diversas profissões estão tendo que se adaptar/atualizar/ressignificar. Isso faz parte do processo de modernização de qualquer setor e do mundo atual. É um desafio!

Mas, é bem-vindo!

Leia, por fim, a 19ª edição da revista:







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