Segundo especialista de sinistros, queimadas vão afetar a modelagem de risco das seguradoras
Enquanto milhares de bombeiros continuam combatendo os incêndios na área metropolitana de Los Angeles, Califórnia, especialistas mensuram o impacto financeiro que o destrastre vai causar. Segundo análise da corretora Aon, este evento está entre os mais custoso da história dos EUA. As perdas relacionadas a propriedades residenciais e comerciais, além de veículos, podem ultrapassar US$ 20 bilhões no caso de Palisades e US$ 10 bilhões em Eaton.
Na avaliação da corretora, outros fatores que podem impactar negativamente o setor de seguros incluem a exposição significativa a bens de alto valor na região. Isso incui: objetos preciosos e obras de arte, além dos danos causados pela fumaça, que deve persistir sobre a bacia de Los Angeles nas próximas semanas. Ainda segundo a companhia, rajadas fortes dos ventos Santa Ana, com velocidades acima de 96 km/h, estão previstas para esta semana, o que trará desafios adicionais para o controle dos incêndios e aumentará a preocupação com o risco de propagação em áreas urbanas.
Queimadas vão afetar a modelagem de risco das seguradoras
Intensificados pelas mudanças climáticas, os desastres naturais ocorrem com cada vez mais frequência pelo mundo. No Brasil, por exemplo, fortes chuvas, enchentes e enxurradas atingiram 478 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul em abril do ano passado. Até dezembro de 2024, as indenizações pagas pelas seguradoras sobre o evento somaram R$ 6,09 bilhões, apontou a CNseg.
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De acordo com o Superintendente de Sinistros da REP Seguros, Marlon Basso, esses eventos exigem das seguradoras uma revisão constante de suas estratégias de subscrição e reservas de capital. Além disso, o aumento das queimadas provoca uma pressão regulatória no setor de seguros, segundo o especialista. “Isso leva à necessidade de adaptação às políticas públicas, tanto para garantir a resiliência financeira do mercado quanto para atender às demandas sociais por cobertura justa e acessível”, pondera. “As seguradoras podem optar por reajustar prêmios de apólices ou até mesmo restringir coberturas em áreas de alto risco”, complementa o especialista.
Na avaliação de Basso, o incêndio na Califórnia vai afetar tanto a cobertura de propriedades, quanto a de responsabilidades civis. “No caso de propriedades, os danos causados por incêndios florestais frequentemente resultam em sinistros de grande magnitude, levando a um aumento expressivo no custo das indenizações”. Enquanto isso, incêndios que se originam por negligência ou má gestão podem gerar ações judiciais de alto valor contra empresas ou indivíduos, “resultando um aumento na demanda por apólices de responsabilidade civil, que também se tornam mais caras e restritas”, conta o executivo.