Por: Regina Lacerda*
Parece um sonho, mas finalmente vivemos num planeta em que há mulheres astronautas, mulheres dirigindo grandes nações, campeãs de luta-livre, mulheres CEO de multinacionais, mulheres presidentes de bancos, jogadoras de futebol…tudo de tudo.
Isso mesmo! O mundo feminino começa a ocupar os mais destacados espaços sociais e profissionais… antes exclusivos dos homens.
Quando mulheres ficam impedidas de ocupar esses espaços, o mundo perde oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Diminui o estoque de pessoas talentosas que poderiam exercer as variadas atividades.
No entanto, vamos reconhecer, a desigualdade entre mulheres e homens ainda é barreira ao acesso de talentos profissionais, apesar da contínua evolução.
Divulga-se pouco, mas sabe-se que as mulheres representam hoje 40% da mão de obra global. Já são 43% da força de trabalho atuante. Nas principais universidades, mais da metade dos estudantes não são homens.
Segundo dados do McKinsey Global Institute, em estudo de 2015, a igualdade de gênero, ainda buscada, poderia adicionar 28 trilhões de dólares ao PIB global na projeção até 2025.
Mas, no momento atual, a força do trabalho feminino não é plenamente aproveitada. Na média, as mulheres ganham menos do que os homens em todos os setores. E a presença feminina se concentra em determinadas áreas de atuação, com maior expressão em algumas regiões do mundo.
No Brasil, a valorização da mulher na sociedade poderia significar um Produto Interno Bruto (PIB) 30% maior em 2025.
De acordo com o estudo Desenvolvimento e Gênero – Igualdade de Gênero em Direitos, Recursos e Voz, do Banco Mundial, os países que promovem os direitos das mulheres têm taxas de pobreza mais baixas, crescimento econômico mais rápido e menos corrupção.
As nações que quiserem superar essas marcas precisam aumentar o acesso do público feminino aos recursos econômico-financeiros. E devem aumentar o acesso das mulheres ao ensino de alta qualidade.
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É preciso também igualdade nas remunerações. Isso significaria um incremento econômico e tecnológico para o mundo. Ou seja: maior desenvolvimento global, com melhor distribuição de renda.
E eis um dado mais preocupante: segundo o Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum), no Brasil, estamos em 92º no ranking mundial em desigualdade de gênero no trabalho. O nosso país precisaria de mais 59 anos para ter igualdade entre os sexos, se não mudarmos as condições.
E no setor de seguros?
O 1º Estudo de Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil foi publicado pela ENS – Escola de Negócios e Seguros. Mostra que, em 2012, no primeiro retrato da presença da mulher no mercado segurador do Brasil, a participação feminina surpreendeu. Chegou a 57%. Foi grande avanço sobre os dados anteriores, do ano 2000, quando atingiu 49%.
Mais recentemente, no último Estudo de 2018, caiu para 55% – o que é ainda uma grande marca. Surgiu, nesse ano, um dado encorajador: foi computada uma mulher executiva para cada três homens (em 2012, essa relação era de uma para quatro). Em nível gerencial, o percentual de mulheres ficou maior: 47%.
Em 2018, 45% das empresas do mercado de seguros já possuíam políticas para promover a igualdade de oportunidades para homens e mulheres, o que é um avanço.
Olhando para o mercado, um desafio para o setor de seguros é oferecer produtos específicos para a realidade feminina. É um espaço em que há boa chance de crescimento. Em 2018, apenas 17% das seguradoras tinham esse tipo de produto. Nós, mulheres, precisamos encarar de frente este desafio.
Por fim, um dado que mexe no bolso (no caso, na bolsa) de cada uma: em média, as mulheres da seguridade brasileira recebem 70% do salário dos homens, padrão que é bem mais grave em outros setores do Brasil.
Moral da história: a desigualdade entre os sexos impacta de forma negativa no crescimento do setor de seguros. Homens e mulheres, como seres humanos iguais, podem utilizar as vivências para mudar a realidade, em benefício da sociedade.
Regina Lacerda é CEO da Rainha Seguros e Presidente do CESB*
Leia, por fim, a 21ª edição da revista: