Onde há sinistro, há estratégia: a visão de Vanderlei Moghetti para o Seguro de Transporte

Onde há sinistro, há estratégia: a visão de Vanderlei Moghetti no Seguro de Transporte

Com a sofisticação dos processos logísticos e o aumento das exigências do mercado, a regulação de sinistros no seguro de transporte passou a ter um papel estratégico na saúde financeira das apólices e na previsibilidade do setor. Vanderlei Moghetti, diretor administrativo da L.Perna – empresa especializada na regulação de sinistros –, compartilha sua visão sobre como esse processo impacta diretamente a sustentabilidade do seguro, reduzindo fraudes, otimizando a precificação e fomentando uma relação mais transparente entre seguradoras e transportadoras.

Moghetti destaca ainda o papel do Antares, sistema da L.Perna, como uma inovação que agiliza a gestão de ocorrências, melhora a comunicação entre os agentes do ecossistema e gera inteligência de dados para decisões estratégicas em toda a cadeia.

Mais do que uma função operacional, a regulação de sinistros vem se consolidando como ferramenta de prevenção, análise de risco e vantagem competitiva. Em um setor exposto a riscos logísticos, altos valores e diferentes modais de transporte, as seguradoras que investem em regulação eficiente não apenas reduzem custos, mas também ganham em reputação e fidelização de clientes. Como reforça Moghetti, a confiança gerada por um processo bem conduzido pode ser decisiva na escolha do segurado.

Seguro Nova Digital – De que forma a regulação de sinistros beneficia o seguro de transporte?

Vanderlei Moghetti – Com menos fraudes, as seguradoras têm maior previsibilidade e controle sobre os custos. Isso permite uma precificação mais justa e estável ao longo do tempo. Em última instância, isso beneficia todo o ecossistema – seguradoras, transportadores e consumidores finais – ao tornar o seguro mais acessível e sustentável.

SND – Combater fraudes ajuda a estabilizar os preços?

VM – Sim, combater fraudes é fundamental para a saúde do mercado de seguros de transporte. Uma regulação de sinistros eficiente, que identifica responsabilidades com clareza e evita indenizações indevidas, contribui diretamente para a redução da sinistralidade.

SND – As mercadorias transportadas têm influência na regulação de sinistros? 

VM –  Mercadorias perecíveis, frágeis ou de alto valor exigem cuidados especiais e possuem maior complexidade na apuração de danos.

SND – Os modais de transporte também?

VM – Cada mercadoria e cada modal de transporte possui riscos específicos que impactam diretamente tanto a regulação de sinistros quanto a formação do preço do seguro.  Por exemplo, o transporte rodoviário está mais exposto a roubos e acidentes, enquanto o modal aquaviário pode envolver riscos climáticos e operacionais portuários.

A regulação precisa ser adaptada a essas realidades, e isso se reflete na precificação do seguro: quanto maior a exposição ao risco e o custo potencial do sinistro, maior tende a ser o prêmio cobrado.

SND – Atualmente, qual é o tamanho da participação da tecnologia nesse trabalho?

VM – A tecnologia tem revolucionado a forma como os sinistros são gerenciados. Sistemas de gestão automatizados, dispositivos de telemetria e soluções baseadas em IoT permitem o monitoramento em tempo real do transporte, agilizando a identificação de incidentes e a coleta de evidências. Isso torna a regulação mais precisa, rápida e menos custosa.

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SND – Essas ferramentas citadas podem diminuir o preço do seguro para os transportadores?

VM – A eficiência trazida por essas inovações se traduz em economia operacional para as seguradoras, o que pode ser repassado aos clientes por meio de prêmios mais competitivos. Além disso, o uso de dados ajuda a construir modelos preditivos mais robustos, permitindo uma precificação mais alinhada ao risco real.

SND – A legislação vigente do seguro de transporte está alinhada com a operação de regulação de sinistros?

VM – A legislação vigente tem papel determinante na forma como os sinistros são regulados e na estruturação das apólices. Normas como o Código Civil, a Lei dos Transportes Terrestres, Resolução CNSP Nº 472, Lei 15040 e regras da ANTT, por exemplo, estabelecem limites de responsabilidade e requisitos obrigatórios que impactam diretamente os contratos de seguro. Em mercados mais regulados, as seguradoras precisam incorporar essas exigências ao cálculo atuarial, o que pode aumentar os custos e, consequentemente, os preços dos seguros.

SND – O mercado de seguros de transporte é altamente competitivo. Como as seguradoras podem se diferenciar nesse segmento?

VM – A reputação de uma seguradora está diretamente ligada à confiança do mercado na sua capacidade de honrar compromissos, especialmente no momento mais crítico: a regulação e o pagamento do sinistro. Empresas sólidas e com histórico positivo de atendimento costumam ser mais valorizadas pelos segurados, que veem nisso um diferencial de qualidade. Essa percepção de valor pode justificar prêmios mais altos, pois o cliente está disposto a pagar um pouco mais por segurança, agilidade e transparência em momentos de crise. Em um segmento sensível como o transporte, essa confiança pode ser decisiva.

SND – A regulação de sinistros pode incentivar a adoção de práticas mais seguras nas transportadoras?

VM – A regulação de sinistros é uma fonte rica de dados que pode ser usada para retroalimentar práticas de gestão de riscos. A análise detalhada de ocorrências permite identificar padrões de falhas operacionais, áreas geográficas mais perigosas, comportamentos inadequados de motoristas, entre outros fatores críticos. Ao compartilhar essas informações com os transportadores, as seguradoras podem estimular a adoção de medidas preventivas, como treinamento de pessoal, melhorias na roteirização ou investimentos em segurança. Transportadoras que demonstram maturidade na gestão de riscos tendem a apresentar menor sinistralidade, o que naturalmente se reflete em prêmios mais baixos e condições mais vantajosas.

SND – A L.Perna é uma empresa especializada em regulação de sinistros no transporte. Quais são as iniciativas da empresa que estão alinhadas com o novo momento do setor?

VM – Desenvolvemos o Antares, um sistema tecnológico que atua como um importante diferencial na gestão e condução dos processos de sinistros. Foi projetado para proporcionar agilidade, padronização e inteligência na regulação. Além disso, ele funciona como uma ferramenta estratégica de coleta e análise de dados para avaliação de sinistralidade.

O Antares permite o acompanhamento em tempo real dos sinistros, desde a abertura até a sua conclusão. A digitalização dos fluxos e a automação de etapas reduzem significativamente o tempo médio de regulação. Informações, documentos e evidências são reunidos em um ambiente integrado, facilitando a comunicação entre seguradoras, transportadoras, corretores e reguladores.

Além disso, o sistema possibilita a triagem inteligente de ocorrências, priorizando casos de maior complexidade ou urgência, o que otimiza o uso dos recursos da equipe técnica e melhora a experiência do segurado.

Outro grande diferencial do Antares é a sua capacidade analítica. O sistema armazena e estrutura dados relevantes sobre os sinistros, como tipo de ocorrência, localização, mercadoria envolvida, modal de transporte, perfil do transportador, entre outros. Com essas informações organizadas, é possível gerar relatórios estatísticos e indicadores de desempenho que auxiliam na identificação de padrões e tendências de risco.

Esses insights são fundamentais tanto para seguradoras, que podem aprimorar suas políticas de subscrição e precificação, quanto para os corretores, que passam a contar com dados concretos para implementar ações de mitigação de riscos. Essa inovação da L. Perna Reguladora reforça o papel da regulação como elo fundamental entre segurança operacional e equilíbrio técnico do mercado segurador.








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