Por: Eduardo Guedes, Vice-Presidente de Tecnologia e Operações na Seguros SURA

A ideia de dar acesso à produtos mais acessíveis e mais adequados à necessidade real do consumidor, através da transparência dos dados e da agilidade no acesso a estes dados, é o ponto principal que devemos nos atentar para criar oportunidades de negócios com o Open Insurance. A partir desse olhar, entendemos que o melhor aspecto da regulação é a padronização e organização do ecossistema onde as possibilidades serão infinitas. E uma das grandes oportunidades é a de inovar e criar soluções para os clientes e compartilhar além dos dados, também ideias, serviços, provedores e até mesmo sistemas.

Muitos acreditam que no mercado de seguros temos pouco espaço para inovar, mas precisamos olhar além. O Open Insurance não se trata de uma ameaça. Muito pelo contrário, abre um espaço enorme para construirmos um novo modelo de negócios de forma colaborativa, em conjunto com outras seguradoras ou através do compartilhamento de outros dados, além das informações com o consentimento dos clientes, no futuro.

Neste sentido, o nosso olhar passa a ser macro, entendendo que o objetivo maior é desenvolver o mercado e ampliar a participação dos seguros na economia do país. Por isso é importante ressaltar que o Open Insurance não é um sistema de “dados abertos” sem uma regra que proteja as informações e seus titulares, em todos os aspectos, não apenas os comerciais. Vai muito além disso. O consumidor vai poder escolher compartilhar ou não seus dados. Este é um movimento que vai viabilizar que as companhias utilizem o sistema para trabalhar em conjunto, em um modelo colaborativo que vai proporcionar um avanço no modelo de negócios a partir dos dados e informações em uma plataforma segura. O modelo contribuirá para a criação de novas soluções, serviços e produtos que vão oferecer a melhor experiência aos consumidores.

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Com o sistema de dados abertos, o corretor também se beneficiará com uma visão mais analítica do mercado de seguros e uma referência do ponto de vista do próprio consumidor para prestar um melhor serviço na ponta. Para o consumidor, o sistema proporcionará mais liberdade com a possibilidade de pesquisar, por exemplo, o valor de apólices de mesmas características para tomar a sua decisão com mais assertividade, uma vez que tem o poder de escolher o produto ou serviço que é melhor para ele. Esse é o caminho e algumas das tendências que serão construídas e materializadas através do Open Insurance durante este grande movimento do mercado.

Quanto mais dados, mais possibilidades. Podemos até descobrir novos mercados, oferecer mais serviços e identificar lacunas no mercado para criar produtos. Vamos aprender a fazer tudo isso durante o processo, e ao mesmo tempo, desenvolver mais conhecimento e ferramentas para explorar esses dados com eficiência.

É um movimento muito positivo tanto para as seguradoras, que terão a possibilidade de cocriar com outras seguradoras, quanto para os consumidores, que ganham com a liberdade de escolha do produto ou serviço de uma seguradora ou mais, de maneira que se conecte exatamente com o que ele precisa. Existe muito espaço para troca no nosso mercado, e neste primeiro momento estamos começando a desenhar esse cenário que certamente proporcionará a oportunidade de expansão da indústria e a participação de outros players, criando um ambiente mais propício para a inovação.

Sem dúvida há uma curva de aprendizado do ponto de vista regulatório, do ponto de vista do cliente e das empresas, mas todos caminhando para um objetivo em comum que ainda parece distante, mas que aos poucos vamos entendendo que a colaboração é um dos principais ganhos de uma plataforma aberta, onde cada um agrega com o que faz de melhor, principalmente pensando que o cliente é único e muitas vezes não vai conseguir decidir sozinho diante das diferentes coberturas, preços e condições para comparação entre produtos de seguros que, nós sabemos, não é tão simples para o consumidor.

Com o Open Insurance, naturalmente cada player oferecerá o que tem de melhor, então por que não desenvolver produtos combinados para que o consumidor tenha a opção de contratar as soluções exatamente do jeito que ele precisa? Esse é um caminho sem volta, e no futuro próximo, vamos compartilhar serviços de uma forma jamais imaginada no mercado de seguros. Essa é evolução do nosso mercado junto com uma sociedade digital.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da revista.

Leia, por fim, a 21ª edição da revista digital: