Por: Newton Queiroz*
Ninguém pode negar que a SUSEP vem buscando inovar a indústria de seguros nos últimos anos, tendo este movimento ganhado força máxima desde 2018 com a chegada de uma nova diretoria executiva que trouxe consigo a visão de transformação no setor de seguros.
Dentro destas ações, uma que foi bastante discutida foi o projeto chamado Sandbox; e que em sua primeira edição selecionou 11 projetos inovadores (dentro dos pré-requisitos estabelecidos pela autarquia), sendo que 4 já estão efetivamente operando e apesar de o tempo destas operações serem curtos, a visão é de que o resultado tem sido positivo e os frutos seguirão sendo colhidos durante os próximos anos.
Muitas discussões a respeito das operações escolhidas na primeira versão do Sandbox ainda irão ocorrer e é difícil prever quantas dos projetos aprovados estarão presentes no mercado daqui a 5 anos; assim como seus resultados. Mas algo que foi/é um fato diz respeito ao movimento geral da indústria em busca de inovação, eficiência e melhoria na experiencia do cliente – sendo que essa busca acelerou com o Sandbox, uma vez que se sentiu a necessidade de mudanças rápidas com a chegada de novos entrantes e suas visões disruptivas.
Independente de concordar ou não, todo o mercado sentiu a necessidade de mover-se ainda mais rápido para estar mais ajustado a realidade atual do cliente com produtos mais simples, novas ofertas e uma experiência mais digital e eficiente. Este movimento do mercado tradicional, junto com as iniciativas escolhidas no Sandbox 1, resultou em uma mudança no mercado necessária a tempos; e em vários âmbitos. Sendo que até me arriscaria a dizer que os benefícios foram além dos esperados pela própria autarquia quando definiu o projeto.
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Foram estes benefícios, a meu ver, que levaram a criação do Sandbox 2, apresentado no dia 22/07/2021 e que tem como limite (para apresentação de projetos) a data de 09/09/2021 (próxima quinta-feira). Nesta edição a ideia é de aprovar até 15 projetos inovadores, que de uma maneira geral, são projetos que apresentem novos produtos, serviços ou melhoria na distribuição, através de nova tecnologias e metodologias.
Quando analisamos de forma macro, o Sandbox primeira e segunda edição, são muito similares no que tange condições para participar, o que significa inovação e qual a ideia da Autarquia, ou seja, esta edição visa a continuação da proposta inicial, com ajustes pontuais, mas na sua essência as edições são muito similares.
O que realmente será ponto chave para definir o foco desta edição, será a escolha dos projetos por parte do regulador. Enquanto na primeira edição o foco em inovação de produtos e melhoria na experiencia do cliente fizeram a diferença na escolha e até mesmo na forma geral em que o mercado se comportou; os principais benefícios e comportamento da indústria irão depender dos projetos aprovados.
Entendo que nesta edição, sem renunciar à inovação, o foco deveria ser em produtos que atendam setores não amparados pela indústria de seguros nos dias de hoje, ou seja, produtos simples e de baixo custo, porém eficientes no que tange a proteção de seu publico alvo. Importante esclarecer que para chegar a este público, a inovação principal não tem de ser especificamente de tecnologia e sim no produto em si, precificação e simplicidade do modelo de contratação e indenização.
Temos de lembrar que para obter a inclusão de novos segmentos da sociedade na indústria de seguros, necessitamos entender suas necessidades e como de fato efetuam suas compras cotidianos para inserir o seguro nesta cesta. Sem deixar de notar que nem todos tem acesso a internet, celulares smartphone, cartão de crédito e outros pontos mais. Todos que trazem um desafio novo e que necessitam de projetos focados para desenvolver projetos que atendam a estes segmentos.
No entanto, está é apenas uma opinião, sendo que o decisor terá o papel fundamental em decidir qual o principal foco que o Sandbox segunda edição terá, assim como seus benefícios imediatos ao mercado.
Como descrito no início deste artigo, os resultados imediatos da primeira edição foram positivos e os a médio prazo ainda tem de ser esperados pois, dos 11 projetos aprovados apenas 4 estão 100% no ar.
Newton Queiroz é CEO da Europ Assistance*