Em entrevista exclusiva para a 33ª edição da SND, Salomão Lacerda, diretor comercial da empresa, contou como as seguradoras digitais podem contribuir para o desenvolvimento da indústria
O Sandbox Regulatório da Superintendência de Seguros Privados (Susep) deu liberdade para que jovens empresas promissoras criassem soluções inovadoras na indústria. Quase três anos depois da primeira edição, muitas dessas organizações conquistaram a licença definitiva para atuar como seguradora digital. A Kakau foi uma delas e, após o apoio inicial, a Insurtech caminha com suas próprias pernas dentro de um cenário desafiador.
Para o diretor comercial da empresa, Salomão Lacerda, a principal diferença entre a seguradora digital e a tradicional é a capacidade que a primeira tem de criar novos produtos e processos operacionais. “Isso tem impacto direto na satisfação dos clientes e dos parceiros”, comenta.
Seguro Nova Digital – O número de seguradoras digitais cresceu no Brasil nos últimos anos. No seu ponto de vista, por que isso aconteceu?
Salomão Lacerda – Acredito que faz parte de um processo natural. Com o advento de novas tecnologias que permitem escalabilidade, flexibilização e agilidade na estruturação, desenvolvimento e implantação de novos produtos – que às vezes não necessariamente são novos, mas a reformatação de produtos tradicionais como, por exemplo, o de automóveis, neste com coberturas mais customizadas e um modelo de vigência mensal. Obviamente isso não seria possível sem a anuência da SUSEP que recebeu bem as insurtechs e colaborou para promover essa nova tendência.
SND – Na sua análise, quais são as principais diferenças entre uma seguradora digital e as companhias tradicionais já consolidadas no país?
SL – A principal diferença é a flexibilidade e a velocidade com que as seguradoras digitais podem criar, melhorar e implantar novos produtos e processos operacionais. Isso tem impacto direto na satisfação do cliente e dos parceiros igualmente, ou seja, dos representantes de seguro. O varejo demanda bastante também com objetivo de adaptar a operação ao seu público-alvo ou a sua rotina. Boa parte das seguradoras tradicionais utiliza mais de dois sistemas para operacionalizar a jornada de venda, pós-venda e sinistros, além da parte contábil. Por isso, efetuar uma mudança nesse cenário é complicado e demorado.
SND – A baixa penetração de diversos segmentos de seguros é uma grande preocupação do mercado desde sempre. Você acredita que as seguradoras digitais podem ajudar a mudar essa realidade?
SL – Sim, a questão da baixa penetração do seguro no Brasil é cultural. Uma grande parcela dos brasileiros não vê o seguro como uma ferramenta de proteção e sim como despesa, a não ser para aqueles casos em que o cliente tem uma alta percepção de risco. Assim sendo, o seguro ainda depende muito do esforço de uma força de venda e nesse aspecto o ponto de venda físico ou distribuição via corretor tem seu peso, porque a autocontratação ainda engatinha.
Mas um outro balcão que vem chamando atenção pelo potencial de penetração são as Fintechs, ou qualquer outro aplicativo com meio de pagamento embarcado. Nesse modelo de parceria, a tecnologia tem propiciado uma jornada mais simples e fácil de contratação.
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SND – De que maneira a Kakau vem atuando para contribuir no desenvolvimento dessa indústria?
SL – A Kakau tem colocado à disposição do mercado sua tecnologia, por exemplo, o Kakau Sonar. Recentemente fechamos parceria com a seguradora Kovr para operacionalizar a oferta de Seguro Celular na carteira da Picpay. Vale ressaltar que neste caso nós não estamos como seguradora, mas atuamos através da Kakau Tech, que é o braço tecnológico do grupo.
SND – E o que é o Kakau Sonar?
SL – O Kakau Sonar é uma solução proprietária, na qual aplicamos Inteligência Artificial para chegar em um score de risco do futuro cliente. A ferramenta tem se mostrado tão eficaz que nossa operação de seguro celular, que é um risco bem ‘nervoso’, navega por um patamar de sinistralidade abaixo de 30%, o que eu considero excelente! E essa tecnologia está disponível para qualquer seguradora que queira adquirir.
SND – Como você avalia a iniciativa da Susep em selecionar empresas a atuarem em um ambiente experimental, podendo liberar, em seguida, a atuação definitiva no setor?
SL – Sem sombra de dúvidas é muito positiva. Todas essas mudanças têm provocado o mercado a ser melhor a cada dia e todos ganham com isso: o cliente com a melhora da entrega e as seguradoras em geral, com novas tecnologias e novos modelos de parceria.
SND – Nem todas as seguradoras digitais priorizam o corretor como canal de distribuição. Você acredita que hoje é possível propor diferentes canais de distribuição sem afetar a importância desse profissional?
SL – Olha, o corretor sempre vai ter um papel importante nesse mercado, mesmo com o surgimento de novos canais. Entretanto, os profissionais precisam se conscientizar e se atualizar para acompanhar essa tendência tecnológica. Todo esse movimento força o corretor a também acoplar tecnologia na sua operação, principalmente, depois da LGPD.
Leia, por fim, a 33ª edição da revista: