Seguro rural: um ponto de equilíbrio diante da instabilidade climática

Seguro rural: um ponto de equilíbrio diante da instabilidade climática

Entrevista publicada, originalmente, na 47ª edição da revista digital.

O setor de seguro rural pagou R$ 4,6 bilhões em indenização em 2023, uma queda de 55,6% em relação a 2022. A baixa é um alívio para o mercado de seguros, mas a escalada dos eventos climáticos liga o alerta no setor. A tragédia no Rio Grande do Sul neste ano, por exemplo, vai exigir recursos maiores das seguradoras que calculam o tamanho das perdas.

Os eventos elucidam a importância do seguro no campo. “As indenizações pagas pelas seguradoras melhoram a capacidade dos agricultores de realizar os investimentos necessários para adaptar ou manter suas estratégias de produção ao longo do ano”, conta José Reinaldo Moraes, especialista de sinistros da Sombrero Seguradora. Em entrevista exclusiva, o especialista valoriza a função do corretor no seguro rural.

Seguro Nova Digital – Os efeitos climáticos estão prejudicando as plantações dos produtores brasileiros. Foi possível observar um aumento no número de sinistros nesse setor nos últimos anos?

José Reinaldo Moraes – Sim, nos últimos anos temos observado eventos climáticos extremos, associados principalmente aos fenômenos ENOS (El Niño Oscilação Sul). Esses eventos resultam em períodos prolongados de seca, excesso de chuvas e geadas, ocorrendo de forma irregular durante as safras. Tais impactos, que fogem dos padrões climáticos historicamente esperados para determinadas épocas do ano, têm provocado perdas significativas no campo.

SND – Como o aumento no número de sinistros influencia a precificação do seguro especificamente no campo?

JRM – As indenizações pagas pelas seguradoras melhoram a capacidade dos agricultores de realizar os investimentos necessários para adaptar ou manter suas estratégias de produção ao longo do ano. Sendo assim, uma importante estratégia de gerenciamento de risco para sua propriedade.

Contudo, a precificação do seguro pode ser agravada à medida que o risco climático e a sinistralidade da área aumentam. Elevadas sinistralidades em determinadas regiões podem levar as seguradoras a agravarem de forma considerável suas taxas e/ou a restringir a oferta de cobertura em um determinado local.

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SND – Além de assumir o risco, a seguradora também tem o papel de mitigá-lo. Como a Sombrero Seguradora trabalha nesse sentido?

JRM – O primeiro passo é realizar uma análise de subscrição adequada, avaliando detalhadamente os riscos associados à área a ser segurada e ao perfil do segurado, ajustando o seguro conforme o nível de risco identificado.

Após a emissão da apólice, trabalhamos no monitoramento das áreas seguradas, tanto de forma presencial, com vistorias em campo realizadas por peritos especializados, quanto de forma remota, utilizando tecnologias de sensoriamento remoto e dados meteorológicos de curto e longo prazo.

As informações antecipadas obtidas impactam significativamente toda a programação da seguradora, permitindo a implementação de estratégias proativas para mitigar potenciais riscos.

SND – Qual é o tamanho da importância do corretor de seguros na comunicação com o segurado?

A importância é total, pois o corretor é quem melhor conhece o segurado, seu risco, particularidades, cultura empresarial, interlocutores e tomadores de decisão. Sem o corretor as seguradoras perderiam seu foco em subscrição e busca de capacidade de resseguro.

Um momento particularmente importante dessa relação é o quando ocorre um sinistro, período em que o corretor passa a equilibrar os interesses e fazer com que o processo de regulação do sinistro ocorra de forma mais harmônica.







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