Alta no preço dos carros 0km corrobora para que o consumidor busque veículos usados de até 13 anos ou mais de uso; setor de seguros visa ajustar às novas necessidades dos clientes
No mês de maio, a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores) divulgou os números das vendas de carros usados e seminovos nos quatro primeiros meses deste ano. O levantamento revelou um crescimento de 40,7% na compra de veículos dessa natureza em relação ao mesmo período do ano passado. A entidade explica que, entre outros motivos, está o preço alto dos carros novos.
Para o presidente da Fenauto, Ilídio dos Santos, esse mercado ficará ainda mais aquecido nos próximos meses com o aumento da confiança do consumidor. “Os efeitos dessa segunda onda da epidemia se fizeram sentir no mês de abril, quando houve queda nas vendas em relação a março. Desse modo, acredito que com a nova flexibilização das medidas e o retorno das atividades do comércio, já anunciada pela maioria dos governos estaduais, deverá gerar resultados positivos novamente nas próximas semanas. Aliado a isso, será o avanço da vacinação por todo o país, trazendo uma nova onda de confiança aos consumidores”, observa.
De acordo com dados do Sindipeças, a frota circulante no Brasil, entre 20 e 30 anos de fabricação, é de mais de 3,5 milhões de veículos. Destes, a grande maioria não conta com qualquer tipo de cobertura. O setor de seguro auto busca alternativas para atender esses potenciais segurados, que via de regra, estão fora do alvo das proteções tradicionais.
“Praticamente nenhuma seguradora do Brasil oferece cobertura para esses veículos fabricados entre 1996 e 2000”, analisa Roberto Posternark, diretor comercial da Ituran Brasil, empresa conhecida nacionalmente pelo seu sistema de rastreamento e, agora, por entregar um seguro auto mais popular, chamado de Ituran com Seguro (ICS). “A Ituran decidiu apoiar os donos dos carros mais antigos, principalmente em um momento em que as pessoas estão enfrentando dificuldades para trocar por modelos mais novos”, complementa.
Devido ao crescimento da circulação desses automóveis, o executivo projeta um aumento na procura do produto ICS da companhia. “Acreditamos em um crescimento entre 10% e 15% na demanda pelo Ituran com Seguro”, projeta.
Na análise de Genildo Dantas, gerente de analytics da TEx, muitas seguradoras ainda estão despreparadas para proteger veículos antigos devido, sobretudo, ao custo de manutenção que eles exigem. “As companhias de seguros não têm produtos adequados para veículos com maior tempo de uso. Atualmente, só 10% dos carros com 13 anos ou mais no Brasil possuem alguma proteção”, observa.
Segundo o especialista, esse problema tem potencial para ser resolvido devido à desregulamentação dessa carteira no país promovida pela Susep e pela constatação das seguradoras de que grande parte dos proprietários de automóveis antigos procuram coberturas mais simples, como para roubo e furto. Com os produtos menos padronizados, o papel do corretor é fundamental para detalhar as particularidades de cada proteção ao consumidor.
“A desregulamentação dos produtos fará com que eles sejam mais flexíveis, o que dificulta a comparação. Desse modo, o papel do corretor de seguros é ainda mais importante para detalhar as particularidades do seguro ao seu cliente”, explica Dantas.
Contratação moderna
O fim da padronização também facilita a chegada de novas empresas no mercado de seguros. Na carteira de seguro auto, a insurtech ‘Justos’ chega ao país com a intenção de modernizar a contratação de proteções para automóveis, inclusive os mais velhos. A startup vai utilizar dados para recompensar quem dirige de forma consciente e assim oferecer preços adequados.
Para o co-fundador da empresa, Dhaval Chadha, as empresas não conseguem precificar de forma justa certos tipos de segmentos, como motoristas conscientes, jovens e pessoas que possuem carros mais antigos. Sendo assim, a empresa visa utilizar inteligência artificial e visão computadorizada para analisar e processar solicitações de forma mais rápida e simples, diminuindo assim o tempo de solução dos sinistros. “É dessa maneira que queremos trazer os preços justos para os nossos seguros. A tecnologia vai nos auxiliar e trazer essa “justiça” para o mercado”, destaca.
Chadha comenta que o produto da insurtech será oferecido para o consumidor final. “O cliente poderá contratar o seguro por aplicativo, site ou whatsapp, de uma maneira fácil, rápida e segura. No momento, só é possível entrar para uma lista de espera, mas a venda das apólices começa ainda este ano”.
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