Emir Zanatto, Sócio e COO da TEx, critica Resolução 382/20 e julga o processo de adaptação como “mal conduzido”
A TEx, insurtech desenvolvedora do TELEPORT e de diversas soluções para corretoras de seguros, se posicionou pela primeira vez sobre a Resolução CNSP nº 382/20. A nova lei, que entrou em vigor em caráter punitivo no início deste mês, foi criticada pelo executivo Emir Zanatto.
Seguro Nova Digital – A Resolução entrou em vigor este ano em caráter punitivo. Como a você enxerga essa mudança legislativa no mercado segurador?
Emir Zanatto – Ter uma Resolução que tenta direcionar o mercado por preço, é um desserviço.
Não vejo avanço, ou benefício para ninguém com essa Resolução. Além disso, acredito que foi mal conduzido e, de certa forma, a comunicação não foi clara.
Todas as Corretoras, de todos os portes, estão com dúvidas. E o principal, não entenderam o propósito desta Resolução.
Ela expõe apenas uma dimensão, a comissão do Corretor, o que não contém por si só nenhuma informação para o Segurado. A remuneração do Corretor diz respeito apenas a ele e envolve os seus custos e estratégia comercial.
Não existe um só mercado que se beneficiou com Resoluções/Legislações como essa.
SND – A atual gestão da Susep bate na tecla da transparência para o consumidor. Na sua análise a resolução ajuda nesse sentido?
E.Z – Acredito que não.
O consumidor, em todos os mercados, busca a mesma coisa. Eficiência, qualidade, atendimento, produto e pós-venda.
Como o Corretor ou qualquer empresa entregam isso se o regulador direciona o Segurado a “vigiar” a comissão/remuneração do Corretor.
Um descompasso enorme entre o que se pretende e a medida adotada.
SND – O Art. 4º parágrafo IV prevê que o corretor informe ao proponente segurado “o montante de sua remuneração pela intermediação do contrato, acompanhado dos respectivos valores de prêmio comercial”. Qual é a análise da TEx acerca dessa norma?
E.Z – Determina que o Corretor deve disponibilizar o valor de sua comissão para o negócio em questão.
Vamos ao exercício:
Imagine que o montante de minha remuneração seja de 300 reais em um prêmio 1.900.
Isso é muito, justo, ou pouco?
Se for perguntado a pessoas diferentes, como o Segurador, o Corretor e o Segurado, a resposta será diferente para cada um deles, dependendo do domínio que cada um deles tenha do assunto e dos custos envolvidos na operação.
Outro ponto é que obrigar alguém a dizer sua remuneração/comissão, justamente para quem está dispondo do valor para pagá-lo, costuma gerar um viés de que o valor é elevado.
SND – As leis vigentes do mercado segurador precisam ser mais flexíveis para atender um maior número de pessoas?
E.Z – Sem dúvida!
O mercado se expande com produtos e serviços melhor ajustados e modelados para os públicos que ainda não o acessam.
E isso não é feito, como tem ocorrido em todo o mundo, sem que regras e legislações sejam alteradas de forma extremamente dinâmica.
A nossa indústria está avançando muito, ainda mais avaliando a velocidade em que progredia há 10 anos atrás.
Estamos avançando para o Open Insurance, e esse é um dos movimentos que permitirá ampliar drasticamente a penetração de Seguros no Brasil.
Nossa indústria é, sem dúvidas, uma das mais promissoras no país para os próximos anos.
E para que possamos fazer essa revolução, é necessário que haja maior agilidade e flexibilidade de todos os envolvidos. Como o Regulador.
SND – Diversos corretores criticam a resolução. Na sua análise, qual é o motivo dessa desconfiança?
E.Z – O propósito da Resolução não é claro.
Se o objetivo é promover a transparência, é natural que todo mundo espere que as explicações com relação a legislação também sigam a mesma lógica.
Se isso não for feito, e na visão da grande maioria não foi, há espaço para especulações e desconfiança.
Meu pai era Corretor e desde muito novo, eu escuto que “a profissão de Corretor de Seguros vai acabar…“, esse medo e essa insegurança, oscilam entre momentos de maior ou menor preocupação, e ao meu ver, essa Resolução faz com que especulações nesse sentido sejam novamente ventiladas, deixando a relação do Corretor mais frágil diante do Segurado.
SND – Por fim, quais recomendações você daria aos profissionais para se adaptarem da melhor maneira à nova lei?
E.Z – Não deixem de ler a Resolução, e assim, decidir como conduzir a mudança dentro da sua Corretora.
Existem muitas informações e análises, erradas inclusive, circulando. Não podemos delegar uma decisão tão importante como essa à outras pessoas.
SND – Fique à vontade para acrescentar falas pertinentes.
E.Z – Na TEx, como já fizemos em vários momentos, preparamos e evoluímos o TELEPORT para atender as necessidades do Corretor e em julho/2020, nós habilitamos uma nova funcionalidade para facilitar a apresentação do percentual de comissão aplicado no PDF de cotação.
O ajuste já está disponível para todas as Corretoras e a decisão fica a critério do Corretor.
Estamos “do lado” da Indústria de Seguros, acreditamos que para o mercado crescer e evoluir, todos precisam trabalhar juntos e ganhar, não há como ser diferente.
Esse é um mantra aqui na TEx.
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