Da paixão pelo design à inovação em seguros
Entrevista publicada, originalmente, na 52ª edição da revista digital.
Alexandre Bocuto é designer UI/UX e Product Owner, com mais de 15 anos de experiência na criação de soluções digitais centradas no usuário. Ao longo de sua carreira, atuou em setores como publicidade, educação, fintechs, seguros, venture capitals e instituições financeiras de grande porte, como o Santander. Seu trabalho vai além do design de interfaces, envolvendo estratégia, pesquisa e inovação para gerar valor real.
Como co-fundador do Sindicante Digital e líder do time de UI/UX, Alexandre assumiu o desafio de transformar o tradicional mercado de seguros — especialmente o segmento de sinistros — em uma experiência mais fluida, inteligente e centrada no usuário, unindo tecnologia e design para resolver problemas concretos.
Seguro Nova Digital – Como a área de UI/UX contribui para o sucesso de uma insurtech como o Sindicante Digital?
Alexandre Bocuto – O mercado de seguros é técnico e cheio de processos complexos — e o papel do design é simplificar. No Sindicante Digital, transformamos jornadas pesadas, como a de sinistros, em experiências mais claras, eficientes e amigáveis. A área de UI/UX é um pilar central da nossa transformação digital, ajudando analistas, reguladoras e seguradoras a atuarem com mais agilidade e precisão. Com nossa nova plataforma, já alcançamos ganhos de eficiência de até 53%, reduzindo o tempo médio de resolução de sinistros de 20 para 10 dias, com impacto direto na investigação de fraudes.
SND – Quais metodologias vocês usam no dia a dia de design da plataforma?
AB – Utilizamos o Duplo Diamante e o Design Thinking para entender profundamente os problemas antes de propor soluções, sempre com o usuário no centro. Combinamos essas abordagens ao Lean UX para testar rapidamente e aprender continuamente. Isso nos permitiu redesenhar jornadas de investigação de sinistros no ramo de automóveis, em projetos com grandes seguradoras, locadoras e empresas de auditoria. Atualmente, estamos em fase de discovery para adaptar essas soluções a outros ramos, como Propriedades, Residencial, Empresarial, Condomínio, Imobiliário, Penhor Rural e Benfeitoria
SND – Como o time coleta informações para entender a dor dos usuários?
AB – Trabalhamos em parceria com o time de Customer Success para captar insights reais da operação. Realizamos sessões mensais de escuta ativa, entrevistas com usuários estratégicos, aplicação de NPS e CSAT, além de workshops de cocriação com seguradoras, reguladoras e peritos. Essas práticas nos ajudam a refinar continuamente a experiência do produto. Como resultado, alcançamos um CSAT de 4/5 e um NPS na zona de qualidade, com 75% dos usuários recomendando a marca por sua entrega e compromisso com o negócio.
SND – Como vocês priorizam os problemas a serem resolvidos?
AB – Combinamos dados qualitativos e quantitativos para orientar decisões, analisando feedbacks, uso da plataforma, funis, CSAT e outras métricas. Junto ao time de Produto, usamos o framework RICE para priorizar o que gera mais valor com menos esforço. Um exemplo foi a implantação do módulo de auditorias online inteligentes, priorizado com base em dados de uso que mostraram perda de tempo em interações manuais — e que resultou em ganho direto de produtividade.
SND – Qual a importância da prototipação nesse processo?
AB – É essencial. Prototipar nos ajuda a errar rápido e barato. Antes de qualquer linha de código, mostramos a ideia pro time e pros usuários. Isso economiza esforço da engenharia e aumenta muito a chance de acertar na entrega. É fundamental. Prototipação nos dá a liberdade de testar ideias de forma rápida, validando o que realmente faz sentido para o usuário. Por exemplo, na primeira versão do módulo de sindicância expressa, a prototipação revelou que a navegação estava confusa para o usuário final. Ajustamos antes da implementação, economizando mais de 100 horas de desenvolvimento. E na ponta o cliente tem em mãos funcionalidades que de fato resolvem o seu problema.
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SND – Como vocês garantem que design e tecnologia caminhem juntos?
AB – O time de Design atua de forma integrada com Tecnologia, participando de todos os rituais ágeis — planning, dailies e reviews. Também realizamos handoffs semanais no Figma, com documentação detalhada de interações e componentes, garantindo uma entrega colaborativa. Um exemplo dessa integração é o SD2, que será lançado no prazo e com alta aceitação graças à parceria entre UX e Engenharia desde o início do projeto.
SND – Como vocês acompanham a evolução de métricas como CSAT e NPS?
AB – Temos dashboards com essas métricas em tempo real. Cada release tem um objetivo claro (melhorar a navegação, reduzir tempo de abertura de sinistro, etc.). A gente acompanha como isso se reflete nas notas dos usuários e usa esses dados para retroalimentar o ciclo de melhoria contínua. Cada nova release tem um objetivo claro atrelado a essas métricas. No caso do SD, conseguimos elevar o CSAT de 67 para 75 em menos de seis meses após as melhorias implementadas.
SND – Como o Sindicante Digital usa UX para gerar impacto no negócio?
AB – No Sindicante Digital, o UX é peça-chave para gerar eficiência e escala. Com foco em reduzir fricções e aumentar a autonomia do usuário, conseguimos transformar processos que levavam dias em operações resolvidas em horas.
A experiência simples e intuitiva do SD resultou em até 53% de ganho na investigação de fraudes, melhorando a acuracidade das análises e impactando diretamente a regulação, auditorias e a rentabilidade das seguradoras parceiras.
SND – Qual dica você daria para quem quer aplicar UX de verdade numa insurtech?
AB – Design vai além da estética — trata-se de resolver o problema certo. No Sindicante Digital, combinamos escuta ativa, análise de dados, prototipação e validação contínua para criar soluções que simplificam processos complexos. Essa abordagem é essencial em insurtechs, onde eficiência e confiança são chave. Por fim, convidamos o público da Seguro Nova Digital a conhecer nossa estrutura e metodologia na prática, e juntos explorarmos como melhorar os processos de sinistros por meio do design centrado no usuário.