Precificação justa e personalizada, com base no acúmulo de dados do cliente, está entre os principais objetivos das companhias que aderem à tecnologia
Já não é nenhum segredo que a Inteligência Artificial fomenta a inovação e otimiza processos no setor de seguros. Com o avanço da tecnologia, diversas soluções atreladas à IA ganharam espaço em tarefas cotidianas e colaboram para agilizar o cotidiano corporativo em diversos segmentos.
As companhias buscam métodos com objetivo de identificar possíveis fraudes e já começaram a implementar o uso da IA no seguro auto. É o caso da AutoInsp, que desenvolveu um sistema de análise de sinistros. Ao efetuar a abertura de uma ocorrência, o analista deve acessar a plataforma para enviar relatos, imagens e documentos sobre o incidente. A Inteligência Artificial processa o material e cruza os dados com outros sinistros para determinar a probabilidade da fraude. O sistema é capaz de informar se o relato do acidente é coerente com as deformações físicas do carro, sendo que a decisão final sobre a fraude é de responsabilidade do analista da companhia de seguros.
Simone Macedo, sócia da Assegurou, explica como essa tecnologia vai fazer parte do futuro. “A inteligência artificial tende a se expandir e evoluir. Com o contínuo desenvolvimento tecnológico, podemos esperar que ela traga ainda mais benefícios e recursos inovadores para o seguro auto”.
Segundo a executiva, a tecnologia pode utilizar o aprendizado de máquina para prever riscos futuros com base em dados históricos e tendências.
“Isso permitiria que as seguradoras ajustem suas políticas e estratégias de forma proativa, para mitigar riscos e melhorar sua eficiência operacional. As seguradoras poderiam analisar dados de uma variedade de fontes, como redes sociais e dados de dispositivos inteligentes no veículo, para criar apólices altamente personalizadas e que levem em conta o estilo de vida, preferências e comportamentos do motorista”, analisa.

Um dos principais benefícios é a precificação mais justa e personalizada. As seguradoras podem analisar uma variedade de dados sobre o motorista e o veículo para calcular o risco associado a cada apólice de seguro. Isso leva a uma precificação mais justa, na qual os prêmios são definidos com base nas características específicas de cada segurado, em vez de depender apenas de fatores gerais, como faixa etária ou local de residência.
O Incentivo à condução segura, uma vez que a utilização de dispositivos telemáticos e aplicativos de monitoramento, associados à IA, permitem que as seguradoras avaliem o comportamento de direção do segurado em tempo real. Ao analisar dados como velocidade, aceleração, frenagem e outros fatores, as seguradoras podem oferecer feedback ao motorista sobre sua condução e até mesmo recompensar práticas seguras com descontos nos prêmios.
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Apólices mais “atraentes”
Oferta de apólices personalizadas, com base na análise dos dados do cliente, a IA pode ajudar as seguradoras a criarem apólices personalizadas que atendam às necessidades específicas de cada indivíduo ou família. Essa abordagem aumenta a satisfação dos clientes, pois eles obtêm uma cobertura mais adequada às suas particularidades.
A tecnologia pode acelerar, por exemplo, o processo de liquidação de sinistros ao automatizar tarefas repetitivas e fornecer uma avaliação mais precisa e rápida do dano. Isso resulta em uma experiência mais satisfatória para o segurado, com resolução de reclamações de forma mais rápida e eficiente.
Esse recurso tecnológico está presente não só no seguro auto, mas também no Seguro Bike. A Kakau Tech atua na criação de soluções fintechs e insurtechs, tendo a tecnologia como sua principal aliada.
Henrique Volpi, CEO da Kakau, explica como essa modalidade está sendo impactada. “A IA trabalha com modelos de riscos que acabam por avaliar o risco individual de pessoas e seus ativos. No segundo momento, na regulação e eventual indenização, outros modelos auxiliam no combate à fraude. Os modelos de machine learning da Kakau levam em relação ao histórico de cada assinante ao longo da história, para uma avaliação de risco e precificação distinta. Desta forma, o bom comportamento é premiado”.

Mudanças para o corretor de seguros
Ao citar a Inteligência Artificial no cotidiano do corretor de seguros, Pedro Yue, CEO da Zipia, explica que os profissionais são essenciais na distribuição de seguros para o consumidor. “Os corretores continuam e continuarão tendo um papel fundamental na distribuição de seguros. Existem relatórios da McKinsey mostrando a resiliência dos corretores em todo o mundo”.
Yue lembra de empresas que inicialmente se propuseram a eliminar os corretores, mas atualmente recorrem a eles. “Uma pesquisa no próprio chatGPT traz a necessidade do corretor equilibrar o uso da IA com o toque humano, garantindo que os clientes também recebam o suporte e a orientação necessária. O uso de IA vai impactar muito aos corretores permitindo um aumento significativo de eficiência. Isso hoje pode ser um diferencial competitivo para quem adotar mais cedo, mas rapidamente será uma necessidade. Aqueles que não usarem ficarão ultrapassados”, conclui.

Leia, por fim, a 34ª edição da revista: