A arrecadação do setor segurador no primeiro semestre de 2020 superou R$ 121 bilhões (sem Saúde e DPVAT), indicando redução de 3,5%, em relação ao obtido em igual período de 2019. O primeiro trimestre foi de resiliência do setor, que cresceu 7,8%, considerando que a pandemia foi declarada apenas em março. Já o segundo trimestre revelou impacto forte do regime de distanciamento social, levando à redução da arrecadação na ordem de 13,8%, comparada à obtida no mesmo período de 2019.
A resposta do setor segurador ao ambiente restritivo da pandemia do novo coronavírus tem sido diferenciada, seja em cada período comparado, seja em cada linha de negócios. Assim, após um mês de abril de sensibilidade mais forte ao ciclo pandêmico (queda de 21,4%, em relação ao registrado em março de 2020), o mês de maio mostrou alguma recuperação(aumento de 11,4%, quando comparado a abril deste ano), basicamente devido aos planos de previdência VGBL. Sem esse produto, a queda da arrecadação do setor segurador teria sido de 2,3% – na mesma base de comparação-, bem menor do que a registrada no mês anterior. Agora, o mês de junho mostra aumento substantivo de 32,9% – novamente auxiliado pelos planos VGBL (59,6%). Excluindo esse produto, a expansão teria sido de 18,3%, comparando junho e maio de 2020.
Na análise de junho com igual mês do ano anterior, os segmentos e ramos de seguros tiveram comportamento diferenciado. No geral, o aumento foi de 6,7%. O segmento de Danos e Responsabilidades avançou expressivamente (18,5%), na esteira de recuperação do ramo de Automóveis e do Patrimonial Massificados. Os ramos de Responsabilidade Civil e o Rural também tiveram boa contribuição. Porém foi no segmento de cobertura de Pessoas – historicamente de grande protagonismo – que o setor teve desempenho apenas regular: os planos de vida risco reduziram, enquanto os planos de acumulação avançaram timidamente.
Os dados do setor estão compilados na 25ª edição da publicação Conjuntura CNseg, disponível no portal da Confederação Nacional das Seguradoras (cnseg.org.br). E mostram comportamentos distintos das modalidades de seguros diante da pandemia. “No acumulado do semestre, comparado ao mesmo período de 2019, o seguro de Automóvel exibe queda provocada pelas restrições à mobilidade das pessoas. Já a arrecadação do Ramo Patrimonial, sustentada pelos seguros massificados no passado, agora teve seu resultado positivo puxado pelos grandes riscos”, revela o Presidente da CNseg, Marcio Coriolano, em seu editorial na Conjuntura.
Coriolano chama a atenção para apólices que, embora com peso menor nos negócios, tiveram altas expressivas no resultado acumulado em seis meses, como Marítimos e Aeronáuticos (28,4%), Rural (25,2%) e Responsabilidade Civil (19,8%), quando comparados ao primeiro semestre de 2019. Acrescenta, porém, que o ritmo dos seguros de pessoas confirma uma trajetória de recuperação mais lenta desta vez, uma vez que, nos últimos três anos, essas modalidades contribuíram para o dinamismo do setor segurador. “A retração geral, trazida pelo ambiente de circulação reduzida de pessoas, foi da ordem de 5,6% no semestre para o segmento de cobertura de pessoas, em relação ao registrado no acumulado de janeiro a junho de 2019. Na comparação entre os mesmos períodos, os planos de vida risco tiveram virtual estabilidade, mas os de acumulação caíram 7,2%. E, no segmento de Capitalização, a baixa foi de 7,1%”, informa Marcio Coriolano.
Na média móvel de 12 meses, de melhor aferição para a tendência das vendas, a inclusão do resultado de junho mantém o viés de desaceleração dos negócios, agora de 6,1% até junho, algo, segundo Coriolano, esperado pelo setor.
O Presidente da CNseg avalia, ainda, a sinistralidade no comparativo entre o primeiro semestre de 2019 e o de 2020. “Os dados de sinistralidade comparada – janeiro a junho de 2019, em relação aos seis primeiros meses de 2020 – mostram redução no segmento de Danos e Responsabilidades, de 54,6% para 49,4%, influenciada pela redução de acidentes e roubos. Já no ramo de Vida Risco, a sinistralidade agravou-se de 23,4% para 25,3%, em função do aumento dos óbitos. Esse comportamento foi também observado no ramo de Previdência Privada, na qual observamos o recuo da captação líquida, que passou de R$ 20,9 bilhões para R$ 12,2 bilhões, pela elevação de resgastes. Os resgastes também afetaram a captação líquida dos títulos de Capitalização, que caiu R$ 2,7 bilhões para R$ 1,7 bilhão, afirma Marcio Coriolano.
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