Bruno Ciolli, Superintendente de Planejamento Comercial, Filial Digital & Canais de Vendas da MetLife
Já parou para pensar nas mudanças que diversos segmentos de mercado estão passando e os impactos nos seus modelos de negócio? O avanço de tecnologia, novos entrantes e principalmente, a mudança no comportamento do consumidor impulsionaram verdadeiras reinvenções.
Estamos acompanhando a ascensão da indústria do streaming, puxada por Netflix e Spotify, que mudaram o comportamento do consumidor – “Se eu gosto de 1 música, por que preciso comprar o álbum completo?”. Presenciamos também a crescente economia de compartilhamento, onde serviços que antes eram ofertados como exclusivos, passam a ser “inclusivos”, como nos casos de Uber e Airbnb.
Olhando para o mercado financeiro, um bom exemplo é a transformação que o setor bancário vem sofrendo nos últimos anos, com grandes fusões e aquisições desde o início dos anos 2000 no Brasil com Real> ABN>Santander, Itaú-Unibanco entre outros, passando pela pulverização do mercado de adquirência de cartões, abertura de centenas de corretoras de investimento, criação de bancos digitais sem falar nas fintechs e insurtechs. Agora, entre os assuntos mais comentados, está o PIX, que além de transformar a vida de clientes e empresas, vai impactar a receita das instituições financeiras.
E como essas instituições lidarão com isso?
Com todas essas transformações no setor financeiro é importante nos questionarmos sobre como o mercado segurador será impactado nos próximos anos. Como o ecossistema segurador reagirá a essas transformações tecnológicas? Todos os corretores e seguradoras estão acompanhando as mudanças comportamentais dos clientes? A experiência de compra e gestão de seguros atende as expectativas do novo consumidor? Oferecemos serviços que atendem às necessidades dos nossos clientes ou estamos dando espaço para o surgimento de novos entrantes?
No ultimo dia 10 de outubro a SUSEP aprovou o uso de blockchain no setor de seguros e selecionou 11 insurtechs para seu Sandbox Regulatório (um ambiente controlado para testes de inovações). Agora, as empresas selecionadas terão licença de seguradora, válida por três anos. Neste período elas poderão testar produtos, serviços e modelos de negócios inovadores. Esse é um importante passo para a aceleração do desenvolvimento do mercado.
Todas as seguradoras enfrentam diariamente desafios para transformar seus negócios, implementar mudanças e repensar o mercado de seguros do futuro. Com a Covid-19, essa necessidade foi escancarada e juntou-se a reflexão sobre próprio propósito do seguro.
Diante desse cenário, foram levantados 10 aspectos de como as seguradoras podem direcionar seus esforços no estudo “Como as seguradoras devem intensificar seus processos de transformação?” realizado pela Grant Thornton.
1. Força financeira
Liquidez e recursos financeiros acumulados se tornaram muito importantes, além de melhorias nos modelos de risco e eficiência das suas estruturas de gerenciamento, aspectos do design e análise do ciclo de vida da apólice, além da adaptação de modelos operacionais.
2. Iniciativas regulatórias e de conformidade
Autoridades regulatórias mundiais têm feito esforços conjuntos para sustentar a estabilidade do sistema financeiro global por meio dos seus bancos centrais e de medidas de política fiscal, enquanto os reguladores oferecem flexibilidade e alívio operacional.
3. Modelos operacionais mais ágeis e resilientes
A Covid-19 está impulsionando a necessidade de maior agilidade e melhor resiliência nos modelos operacionais de seguros para ajudar as empresas a flexibilizar e atender às mudanças nos requisitos de prestação de serviços ao cliente.
4. Redistribuição e novos locais para a futura força de trabalho
O trabalho remoto tornou-se essencial e o futuro ambiente do modelo operacional exigirá um novo mapeamento para lidar com novas demandas, incluindo locais, funções, sistemas e recursos.
5. Otimização e reestruturação de custos
Dado o severo impacto econômico com a pandemia, iniciativas rápidas de otimização, garantia e reestruturação de custos devem ser consideradas. Isso pode incluir respostas imediatas e de longo prazo em relação a mudanças no modelo operacional.
6. Aumento na adoção e inovação de fintech
As arquiteturas de tecnologia de seguros não mudaram fundamentalmente nos últimos 20 anos. Como resultado de aquisições e demandas regulatórias, muitas seguradoras aumentaram sua complexidade, deixando de simplificar e de reduzir custos. Agora é a hora de iniciar a transformação com foco na simplificação de operações e tecnologia. Adoção de soluções fintech e regtech, utilitários compartilhados da indústria e serviços escaláveis de provedores de nuvem devem ser adotados. Essas inovações aumentam a resiliência, agilidade operacional e tecnológica e proporcionam resultados mais ajustados às expectativas do cliente à medida que entramos em uma nova década.
7. Reconstruir e otimizar a cadeia de abastecimento
A pandemia do novo corona vírus testou e, em certos casos, quebrou as cadeias de suprimentos de terceiros projetadas e construídas dentro de modelos operacionais rígidos nos últimos 20 anos para executar serviços próximos e offshore.
8. Aumento das transações de M&A
Pressões operacionais, de custo e regulatórias de curto a médio prazo sobre certas seguradoras, podem levar à consolidação do mercado – particularmente, para aqueles que não têm balanços sólidos o suficiente e um caminho claro para retomar o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) positivo.
9. Surgimento de um novo ecossistema de mercado de seguros
A infraestrutura do mercado de seguros tem se mostrado resistente até agora nessas condições financeiras e operacionais desafiadoras. No entanto, surgiram questões significativas em torno da disciplina técnica mostrada na estratégia de produto – tanto na participação do mercado, preço e estratégia de subscrição dentro dos segmentos – e na capacidade de comunicar efetivamente o escopo da cobertura. O retorno do investimento está direcionando um foco “de volta ao básico” no preço técnico e no desempenho de subscrição.
10. Redefinição e o propósito do seguro
As empresas podem inovar individualmente e coletivamente em suas operações e redefinir sua cultura e reputação. O propósito do seguro ainda não é claramente compreendido pela sociedade de modo geral, principalmente nos ramos do segmento de Vida, e a indústria precisa fazer a sua parte amplificando e melhorando a comunicação do setor.
E para os clientes? Em um mercado formado por milhares de corretores e diversas seguradoras, como fica o balanceamento entre relacionamento pessoal e experiências digitais? Estamos realmente focando nas necessidades de nossos clientes?
Apesar da familiaridade com a utilização de meios digitais, construir um relacionamento inicial remoto com o cliente e manter a carteira atual remotamente foram considerados os maiores desafios durante a pandemia. Relacionamento e contato pessoal sempre foram pilares centrais no mercado segurador brasileiro.
Nesse momento, todo o ecossistema segurador está em acelerada transformação e todos nós fazemos parte desse movimento, basta saber quem serão os protagonistas e quem serão os coadjuvantes.
Qual o seu papel nessa transformação?
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