Conteúdo da 8ª edição da revista
Por: Gloria Faria, advogada especialista em seguros
Os impactos que a pandemia da Covid-19 imprimiu ao modo de vida, às relações sociais e de trabalho, em todo o planeta, levam ao sentimento comum de que, assim como cantou Milton Nascimento, “nada será como antes, amanhã ou depois de amanhã… ”.
A desconstrução de aspectos do cotidiano é tão extensa, o comportamento dos indivíduos se mostra tão alterado que leva a pensar que, somente agora, se encerra o século XX, em que se chegou ao ápice do consumismo e que, finalmente, se inicia um novo tempo de profundas mudanças.
No curto período de março a junho deste ano de 2010, graças às inovações tecnológicas, que já vinham se multiplicando exponencialmente na última década, tornou-se possível a sobrevivência de razoável número de empresas. Ainda que o número de negócios que encerraram suas atividades tenha sido significantes, fora da tecnologia digital, ausente a Internet, muitos mais sucumbiriam.
A quarentena que já se estende por 3 meses, o afastamento social, alteraram as formas de nos relacionarmos com a família e com os amigos. O ambiente laboral saiu dos espaços corporativos para dentro dos lares que são agora, e a um só tempo, escola, espaço de trabalho e de lazer. Home-office, webnars, reuniões por zoom ou call, completam o novo cenário onde a internet reina com tirania. As poucas saídas à rua passam, ou deveriam passar, pelo crivo da essencialidade e impõem o uso da máscara.
Supermercados, farmácias, restaurantes, lojas de eletrônicos e de vestuário, espremeram-se para caber no micro e no celular numa tentativa de amenizar a súbita queda de faturamento e sobreviver no atendimento remoto. Transações comerciais que já vinham migrando para o mundo virtual, vale destacar dentre elas o seguro, foram impelidas a acelerar a transição da noite para o dia.
Novos serviços passaram a ser oferecidos e aí a imaginação é o limite quando se trata de levar até o consumidor produtos e serviços a que ele não tem mais acesso com o comércio de rua, os shoppings, cabelereiros e consultórios médicos fechados. Multiplicaram-se os Apps de serviços e os vídeos do FAÇA VOCÊ MESMO – aulas presenciais de todos os níveis escolares passaram para a tela do computador, a telemedicina foi regulamentada e passou a fazer parte dos cuidados com a saúde.
Surgiram novos seguros, mais customizados, com períodos de contratação diversos dos tradicionais e com alternativas maiores de cobertura. Profissionais se reinventaram, profissões desapareceram e outras surgiram.
O e.commerce explodiu como opção de compra. Nesse curto período de março a junho foram abertas no Brasil mais de 107 mil lojas virtuais na Internet. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico – ABCOMM – antes da quarentena a média de abertura de lojas virtuais era de 10 mil por mês.
O faturamento de R$61,9 bilhões do setor em 2019 revelou um acréscimo de 16,3% em relação a 2018, e contabilizou 148 milhões de compras on line, de acordo com o relatório semestral da Ebit /Nielsen, em parceria com a Elo.
Somente entre os dias 17 de março e 27 de abril o comércio on line faturou R$8,4 bilhões quase 50% a mais que no período de 19 de março a 29 de abril de 2019, (R$5,7 bilhões).
Para até o final de 2020 a expectativa de faturamento é de R$74 bilhões, boa parte deles aportada pelos novos players, os consumidores que estarão comprando pela primeira vez no e.commerce. O e.commerce pode e vende de tudo. Veio para ficar.