Autarquia federal aprovou em abril deste ano o normativo 662/2022, que, de acordo com especialistas, flexibiliza os contratos desse segmento
Ainda pouco conhecido no Brasil, o Seguro Garantia atende às necessidades das empresas privadas e dos órgãos públicos. Sua função é garantir que se cumpram obrigações estipuladas em contratos, fornecendo proteção caso uma das partes descumpra o acordo devido a imprevistos.
Assim como outros segmentos de seguros, o de garantia também evoluiu no âmbito regulatório. Pelo menos é o que entende Felippe Astrachan, CEO da AVLA, companhia especialista no ramo do Seguro Garantia. Na sua análise, a publicação da Circular 662/2022 representa “um momento importante de transformação no mercado de seguros corporativos”.
Seguro Nova Digital – Recentemente, a Susep aprovou a Circular 662/2022 que flexibiliza o Seguro Garantia no Brasil. Quais os efeitos dessa iniciativa você prevê para esse segmento?
Felippe Astrachan – Tanto a nova circular 662, quanto as recentes mudanças da 407 – implementada pela SUSEP, é um momento importante de transformação no mercado de seguros corporativos. Entendemos que criou-se uma flexibilidade na criação de novos produtos e na customização das apólices para fomentar as necessidades dos nossos clientes.
SND – Conte as mudanças que você considera mais significativas.
FA – Anteriormente, tínhamos que operar de forma padronizada, sem muita customização, o que tornava os produtos facilmente copiáveis e pouco adaptados para realidade de mercado. A nova circular permite que se crie produtos customizados e adaptados às necessidades dos nossos clientes. Como em qualquer mercado, isso é uma notícia muito boa e sempre um vetor de crescimento.
Em curto prazo, enxergamos o mercado de seguros privados como um grande consumidor potencial dessas novas soluções. Hoje em dia, o mundo de seguro garantia tem uma percepção das modalidades tradicionais de menor credibilidade na execução e regulação dos sinistros. Portanto, entendemos que isso é uma aplicação objetiva de curto prazo e o principal consumidor dessas mudanças clausuradas são os segurados privados, que vão poder usar como uma ferramenta mais líquida de proteção para os contratos.
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SND – O mercado segurador brasileiro é o maior da América Latina. Entretanto, na carteira de Seguro Garantia o país perde para Chile e Peru. No seu ponto de vista, qual é a razão da baixa penetração no Brasil?
FA – A Susep cita os principais motivos que são a baixa credibilidade do produto na regulação de sinistros para segurados e beneficiários privados. Estes são os grandes fatores. O tipo de contrato que o produto é utilizado é muito restrito em comparação com nossos outros países de atuação. Além disso, tem as razões mais estruturais, como o menor investimento de infraestrutura. Estamos também vivendo um momento de redução e queda de preço em função do produto. A principal razão disso é a falta de penetração dele em segurados privados e uso mais extensivo do produto de seguro garantia como ferramenta para todo tipo de contrato, não só para licitações públicas.
SND – De que maneira a AVLA procura expandir a cultura dessa proteção aqui no país?
FA: Nós estamos procurando trazer criatividade, inovação e a nossa experiência com esse tipo de cobertura em outros países. A gente entende que tem primeira oportunidade de criação de um produto com maior objetividade e liquidez na regulação do sinistro. Só para termos comparativo: no Chile e no Peru nós operamos o primeiro requerimento. Entendemos que o Brasil precisa cruzar um caminho para criar um produto mais líquido versus regulação de sinistros. Sendo assim, o que existe hoje é muito moroso, pois passa por muita judicialização e é pouco confiável, no ponto de vista beneficiário. A gente entende que esse é um pedaço que pode fazer a diferença.
SND – Você afirma que um dos caminhos para aumentar a distribuição do seguro garantia no Brasil é criar produtos para o mercado imobiliário. Como isso pode ser feito?
FA – Temos várias soluções de produtos de garantia, que não existem no Brasil aplicados ao mundo imobiliário e a gente entende também que a nova regulação vai ser uma abertura e um caminho para a gente poder também construir novas soluções. Portanto, nossa estratégia passa por esses dois caminhos de maior liquidez e objetividade na regulação de sinistros. Trazer inovação e produtos diferentes, além de aproveitar dessa mudança relevante que a SUSEP nos trouxe e criar produtos customizados que os clientes do Brasil precisam para poder estar protegidos.
Leia, por fim, a 27ª edição da revista: