O home office e a relação custo-benefício impulsionaram números da carteira no país
Os brasileiros começaram a perceber a importância do seguro residencial. É o que mostra o estudo da CNseg de 2020, quando a carteira cresceu 6,1%. O modelo de trabalho home office foi um dos fatores determinantes para esse resultado. Logo, a expectativa para este ano é ainda maior tendo em vista que muitas companhias adotam definitivamente a maneira híbrida ou até mesmo integral com os seus colaboradores.
A Seguro Nova Digital buscou entender melhor esse cenário com Jarbas Medeiros, presidente da Comissão de Riscos Patrimoniais Massificados da FenSeg. O executivo detalhou o novo momento que a carteira passa, além de traçar as expectativas para os próximos anos.
Seguro Nova Digital – Poderia apresentar, com dados, o panorama do seguro residencial no Brasil de 2020 até o primeiro semestre deste ano?
Jarbas Medeiros – O seguro residencial no Brasil vem ganhando importância crescente desde o início da pandemia. Em 2021, a arrecadação total no primeiro semestre chegou a R$ 1,78 bilhão em volume de prêmios, o que representa expansão de 19,1% sobre o mesmo período do ano passado.
S.N.D – Qual é o potencial de crescimento dessa carteira no país?
J.M – O seguro residencial tem grande potencial de crescimento no Brasil. Hoje, a cobertura atinge pouco mais de 15% dos domicílios em todo o país. Entretanto, com a pandemia, o comportamento do consumidor está se modificando, conforme mostram as estatísticas e há mais seguros residenciais sendo contratados.
S.N.D – Na sua análise, qual foi a grande razão do aumento exponencial desse seguro?
J.M – A carteira ganhou fôlego a partir do momento em que os brasileiros intensificaram o regime de home office, além das atividades domésticas habituais. O jargão “minha casa é extensão do meu trabalho” mudou de significado, pois a casa tornou-se o próprio escritório, o local de trabalho. Diante do confinamento, as residências passaram a ser locais mais movimentados.
S.N.D – Você acredita que a pandemia estimulou os moradores a cuidarem mais de suas residências?
J.M – Em paralelo ao trabalho remoto, pais e filhos lidam com o ensino a distância e atividades domésticas em ritmo intenso. Além disso, há o uso mais frequente de eletrodomésticos e equipamentos, inclusive os das empresas. Essa maior movimentação dos lares resulta na mudança de algumas situações de risco, envolvendo a necessidade de contratação ou renovação do seguro, com coberturas ampliadas. Ou seja, os consumidores começam a perceber a importância da preservação do seu maior patrimônio, que é o lar.
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S.N.D – Qual é o custo de um Seguro Residencial?
J.M – Um fator essencial é a relação custo-benefício, que é muito vantajosa. Além do preço acessível na hora da contratação, o seguro torna-se ainda mais proveitoso em razão do conforto que serviços como chaveiro, bombeiro hidráulico, eletricista e muitos outros, incluídos nos planos de assistência 24 horas, trazem aos segurados.
S.N.D – Essa carteira precisa inteiramente da participação do corretor de seguros no processo de contratação?
J.M – É importante que o consumidor saiba dimensionar corretamente o valor a ser contratado e também a franquia. Ele deve contratar um valor que seja suficiente para recompor o prejuízo em caso de sinistro. E entender o que é a franquia e onde obter esta informação. O corretor de seguros presta consultoria para ajudar nestes pontos.
O prêmio do seguro vai depender do valor de reconstrução do imóvel e do conteúdo coberto. Também são variáveis do custo do seguro: localização, forma construtiva, utilização do imóvel, existência de protecionais (alarmes, etc), entre outras.
S.N.D – Devido à volta gradativa das atividades no escritório, os trabalhadores passarão a ficar, novamente, menos tempo em casa. Diante desse cenário, o que esperar para 2022?
J.M – A tendência é continuar aumentando a contratação deste ramo de seguro. A grande novidade, que deve impulsionar ainda mais o crescimento do Residencial, é a Circular 621/21, da Susep, que entrou em vigor no dia 1º de março. As seguradoras passaram a ter a liberdade de ofertar combos de seguros aos consumidores, combinando vários tipos de cobertura em uma única apólice.
A iniciativa traz ganhos significativos para o consumidor e para o mercado de seguros como um todo. Em primeiro lugar, aumenta a flexibilidade na contratação das coberturas, de modo que um mesmo produto possa atender diferentes necessidades do segurado. Ela contribui ainda para tornar as relações de consumo mais transparentes, sem perder de vista a fiscalização das autoridades.
A normativa torna o ambiente regulatório mais flexível, estimula a criação de novos produtos, com ganho de eficiência. O resultado é um aumento da competitividade no mercado – o que é altamente benéfico para os consumidores.