Super apps: o futuro da distribuição de seguros massificados?

Super apps: o futuro da distribuição de seguros massificados?

Por Sidney Dias*

Os superaplicativos – ou super apps – podem modificar a forma como alguns seguros são distribuídos no Brasil. É possível, por exemplo, a sua utilização na oferta de microsseguros e de seguros embarcados (ou embutidos, incorporados), simplificando a jornada do cliente e possibilitando que o seguro chegue a um número maior de pessoas.

O potencial do uso desse tipo de recurso para tornar o seguro mais acessível é muito grande. O público jovem, que aumenta rapidamente sua participação no mercado consumidor,  já nasceu na era dos smartphones e está habituado ao uso desse tipo de dispositivo para a maior parte de suas atividades.

Outros segmentos da população também são atraídos pelos recursos trazidos pelos smartphones: a sua praticidade para a realização de uma grande diversidade de tarefas permite que as pessoas possam trabalhar e se comunicar com facilidade, ainda que estejam em deslocamento.

O que é um superaplicativo?

Superaplicativos são plataformas digitais que oferecem variedade de serviços em um único aplicativo. Em vez de lidar com vários sites e apps isolados, o consumidor pode obter tudo o que precisa em um único lugar.

Na visão do Gartner, “um superaplicativo é como um canivete suíço, com uma variedade de componentes (miniaplicativos) que o usuário pode usar e remover conforme necessário”. Eles são criados para consolidar serviços, recursos e funções que estariam dispersos em vários aplicativos móveis.

Todo superaplicativo possui funcionalidades próprias. Adicionalmente, ele origina um ecossistema, criando uma plataforma onde podem ser publicados miniaplicativos desenvolvidos por equipes internas ou externas. Isso possibilita que vários serviços estejam disponíveis para um usuário, ainda que, aparentemente, tenham pouca relação entre si.

Por exemplo, pagamento de estacionamento público, comunicação por mensagens de texto e voz, abastecimento de veículos, acesso à cópia digital do certificado de propriedade do veículo, transferências financeiras, pagamento de contas, compra de passagens aéreas, reservas em voos e hotéis, e compra de seguros.

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Superaplicativos e a distribuição de seguros massificados

Na Ásia, os superaplicativos vêm transformando a forma como as pessoas utilizam vários serviços por meio de seus dispositivos móveis. Alguns desses super apps começaram a incorporar produtos de seguro em suas plataformas, permitindo que os usuários conheçam, comprem e gerenciem apólices diretamente no aplicativo.

WeChat: com mais de 1,2 bilhão de usuários, começou como um aplicativo de mensagens na China. Posteriormente, integrou seus recursos de mídia social com funcionalidades de serviços financeiros e seguros, compras online, reservas em hotéis, transportes e várias outras utilidades.

Gojek: maior super aplicativo da Indonésia, fez uma parceria com provedores de seguros para oferecer várias opções de cobertura. Seus usuários podem comprar seguros de vida, viagens e veículos, e receber instantaneamente os detalhes de suas apólices e cartões de seguro digitais no aplicativo.

Grab: principal superaplicativo do Sudeste Asiático, lançou o GrabInsure em 2019 para oferecer cobertura de seguro acessível e adaptada à região. Os usuários podem adquirir proteção para viagens e uso de corridas por aplicativos acessando seus cartões de seguro e gerenciando sinistros digitalmente.

No Brasil, os superaplicativos também estão avançando. Além dos destaques dos aplicativos de bancos, do Rappi, iFood e 99, chegou o Zul+, da Estapar, que oferece diversos serviços com foco nos motoristas e proprietários dos veículos, inclusive oferta de seguro auto.

Oportunidades e ameaças para os corretores de seguros

Para os corretores de seguros, os superaplicativos podem representar tanto uma oportunidade quanto uma ameaça. Eles trazem novas possibilidades para os profissionais que utilizam tecnologias digitais para desenvolver seus negócios. Os corretores podem formar parcerias com superaplicativos para oferecer seguros massificados e alcançar mais clientes – especialmente os mais jovens, que preferem fazer tudo pelo celular.

Os corretores desempenham um papel importante na distribuição de seguros, pois têm um profundo conhecimento das necessidades e dos riscos exclusivos de seus clientes. Eles podem sugerir soluções personalizadas e navegar em casos complexos que estão além das capacidades dos superaplicativos. É um valor agregado que os super apps não terão condições de igualar.

Por outro lado, os superaplicativos podem reduzir a necessidade de atuação dos corretores como intermediários, uma vez que os clientes conseguem comparar e comprar vários produtos de seguros simplificados em uma única plataforma. E, no caso dos corretores tradicionais, ainda podem representar uma ameaça, já que os profissionais menos afeitos ao uso de tecnologias  podem perder espaço na distribuição de seguros.

Produtos simples e padronizados, como seguros básicos para automóveis, residências e viagens, são mais suscetíveis aos superaplicativos. As pessoas podem optar por utilizar as funcionalidades dos super apps e contratar as coberturas por conta própria, sem a orientação especializada de corretores de seguros.

Outros tipos de seguros mais complexos – como algumas coberturas de seguros de vida e os seguros empresariais – têm um menor impacto dos superaplicativos no curto e no médio prazo, pois a seleção e a contratação das coberturas mais adequadas a cada caso requerem consultoria especializada. No entanto, é possível que esses segmentos também possam ser impactados de forma relevante ao longo do tempo, com a evolução das tecnologias digitais, particularmente com o avanço de funcionalidades baseadas em inteligência artificial (IA).

Sidney Dias é diretor da Conhecer Seguros e profissional experiente do mercado de seguros e finanças. Mestre e Doutor em Informática (PUC-Rio) e Administrador (FGV/EAESP). Membro da IEEE/Computer Society, da Association for Computing Machinery – ACM. Corretor de seguros habilitado em todos os ramos.

Leia, por fim, a 34ª edição da revista:







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