Especialistas explicam como o uso das ferramentas tecnológicas estão trazendo resultados mais assertivos na recuperação de veículos e de cargas
O número de sinistros no seguro auto vem crescendo no Brasil. Em São Paulo, estado com maior índice de roubo e furtos no Brasil, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), em 2022 houve um aumento de 18% nesses casos. Já no primeiro trimestre deste ano, o crescimento foi de 12% em relação ao mesmo período do ano passado.
Durante a pandemia, o setor de transporte foi impulsionado pelo aumento das vendas online. O isolamento social da maior parte da população fez os consumidores de todo o país migrarem para o ambiente virtual.
Os dois cenários, apesar de serem distintos, reforçam a importância de um ítem em comum: o rastreamento veicular, seja ele carro, moto ou caminhão. Cada vez mais as empresas especialistas nesse serviço aprimoram o uso da tecnologia em sua operação a fim de constatar resultados mais assertivos e, consequentemente, entregar melhores resultados ao seu cliente.
Segundo Rodrigo Boutti, gerente de operações da Ituran Brasil, a tendência do aumento de roubos e furtos de veículos é uma realidade a ser encarada. “Sem o auxílio da tecnologia para prevenção e combate a este tipo de crime, torna-se muito difícil a mitigação dos riscos de perdas financeiras”, constata.
O perfil do crime no estado de São Paulo está configurado em 70% de furtos e 30% de roubos, “tornando necessária a aplicação de conhecimento e tecnologia para entender que determinado veículo está em posse do ladrão, e assim, iniciar o rastreamento e os procedimentos para a recuperação”, pontua Boutti.

Para as transportadoras, o rastreamento veicular é imprescindível, sobretudo após o aumento no número das perdas de mercadorias nos últimos anos. De acordo com Nicolas Galvão, CEO da Delta Global, as empresas do ramo estão mais preocupadas com esses prejuízos, e por isso, buscam soluções para evitá-los.
“As empresas estão cada vez mais preocupadas com seus processos logísticos, principalmente em relação ao ganho de escala e a rapidez na entrega que esse processo pode gerar”, analisa o executivo. Grandes empresas do setor introduziram a cultura da entrega rápida no mercado, algo que, segundo ele, era incomum há alguns anos. “Para realizar esse processo de forma ágil é necessário o uso de tecnologia de ponta. Além disso, é importante destacar que a tecnologia se tornou mais acessível ao longo dos anos, permitindo que a maioria das transportadoras possam adquirir essas ferramentas e melhorar seus índices de eficiência e operação”, complementa.
Galvão alerta que é fundamental compreender a operação dos clientes, suas necessidades e desafios logísticos. “Durante muito tempo, o setor de tecnologia criou soluções que se tornaram obsoletas, pois eram robustas, mas não estavam diretamente ligadas às necessidades do dia a dia das empresas”, explica. Por isso, ele acredita que entender os anseios do cliente e trabalhar com agilidade para supri-los é o que sustentará o mercado nos próximos anos.
Soluções mais eficazes
A tecnologia no rastreamento permite que diversas companhias criem aparelhos para fazer a localização do veículo e eventualmente oferecer proteção contra roubo e furto. Atualmente, no mercado existem diferentes tipos de rastreadores: GPS/Satélite; radiofrequência (RFID) e GSM/GPRS.
Na análise do gerente de operações da Ituran Brasil, a companhia está contribuindo para a sociedade como um todo, pois suas soluções alimentam as forças de segurança com informações precisas para onde os veículos costumam ser levados. “(…) e assim organizar estratégias para combater o roubo e furto, e principalmente, fazer a receptação”, analisa.
Boutti revela que, atualmente, cerca de 60% dos furtos registrados são tratados pela empresa antes mesmo do condutor perceber a falta do veículo. “A Ituran investe cada vez mais em tecnologia de ponta tanto em hardwares e principalmente em softwares de inteligência artificial e machine learning para análises preventivas que geram milhares de alertas diariamente para serem tratados pela central nacional de controle da companhia”.
Os softwares também são utilizados pela Delta Global no setor de transporte. O CEO da empresa conta que a expertise e trocas com os clientes impulsionam a geração de novas tecnologias, “que são criadas em nossa fábrica de software e engenharia de hadware”.
Fundada em 2015 como startup, a Delta Global faz a gestão de 500 mil veículos e hoje é uma das maiores empresas independentes de serviços de assistência 24 horas da América Latina e líder de mercado em tecnologia para gestão de frotas de veículos de diversos portes.

Enquanto isso, a tecnologia israelense da Ituran Brasil utiliza informações de comportamento do condutor para identificar movimentações incomuns. “Atualmente nossos softwares podem interpretar que um determinado veículo não está circulando em uma região de costume, fora de um horário de rotina, em uma região de risco (previamente mapeada pelo sistema através do histórico de sinistros) e outras variáveis como veículo mais visado pelos bandidos, dia da semana e período do dia. Tudo isso minuto a minuto para os mais de 700 mil veículos conectados com rastreadores Ituran”, destaca Boutti.
Na análise de Nicolas Galvão, o uso da tecnologia é um fator crucial para aumentar a distribuição de seguros no Brasil. “Para superar essas dificuldades é fundamental explorar o potencial das tecnologias atuais”, pondera. “Dessa forma, empresas e corretores terão acesso a mais opções de proteções personalizadas, que aumentarão a eficiência e a distribuição de seus produtos”, completa.
Leia, por fim, a 32ª edição da revista: