Caso foi relembrado na série lançada nesta semana “A Mão do Eurico”, que detalha a história de um dos mais controversos dirigentes do futebol nacional
No início dos anos 1990, despontava no Brasil uma das grandes promessas do futebol. O meio-campista Dener ganhou destaque nacional atuando pela Portuguesa de Desportos. Após um breve empréstimo ao Grêmio, o jovem atleta voltou ao clube paulista para depois acertar mais um contrato de empréstimo, mas dessa vez com o Vasco. O torcedor cruzmaltino teve pouco tempo para ver a joia vestindo as cores do clube: no dia 19 de abril de 1994, Dener, aos 23 anos, se envolveu em um acidente de carro na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, e não sobreviveu.
Para os aficionados do futebol, a sensação até os dias atuais é de que o jovem atleta teria uma carreira brilhante não só no Brasil, mas também na Europa: ele estava negociando com o Stuttgart, da Alemanha. Já a família do jogador e o clube paulista entraram com processos na justiça. O então vice-presidente de futebol do Vasco, Eurico Miranda, revelou poucos dias depois do acidente que o clube carioca não havia feito o seguro de vida para o atleta, descumprindo uma cláusula do contrato com a Portuguesa.
A cláusula nona do texto determinava que o Vasco teria que fazer uma apólice de seguro de vida e de acidentes pessoais, em favor da Portuguesa, no valor de US$ 3 milhões (cerca de R$ 14 milhões na cotação atual). Na ocasião, o dirigente vascaíno argumentou, ao jornal Folha de S. Paulo, que a lei proibia fazer uma apólice de seguro beneficiando uma pessoa jurídica.
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“Não podemos passar por cima da lei. O Vasco fez seguro de acidente de trabalho, mas Dener não morreu trabalhando”.
A argumentação do Vasco caiu por terra quando a Portuguesa apresentou um seguro de vida assinado no empréstimo anterior ao Grêmio. “Quando o emprestamos para o Grêmio, eles fizeram esse seguro de vida nos mesmos moldes que a Portuguesa pediu ao Vasco. Eles (o Vasco) ganharam a primeira ação, mas depois juntamos essas peças (o seguro que o Grêmio fizera) e reverteu a situação – lembra o deputado federal Arnaldo Faria de Sá, ex-presidente da Portuguesa no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, em entrevista ao GE, em 2014.
Já o acordo entre o Vasco e a viúva do jogador para o pagamento saiu finalmente em 2007, mas a quitação do espólio do atleta veio a acontecer de fato em 2015. Na Lei Pelé, a legislação que estabelece as normas gerais sobre o desporto no Brasil, “entidades de prática desportiva são obrigadas a contratar seguro de vida e de acidentes pessoais, vinculado à atividade desportiva, para os atletas profissionais, com o objetivo de cobrir os riscos a que eles estão sujeitos.”.
Leia, por fim, a 37ª edição da revista: