Pandemia acelera terceirização de mão de obra no setor de seguros, que busca gestão profissional

Pandemia acelera terceirização de mão de obra no setor de seguros, que busca gestão profissional

Pesquisa aponta como razões principais: redução de custo (55%), aumento da receita (53%) e prevenção de incidentes de terceiros (43%)

A pandemia acelerou o processo de terceirização no Brasil, como forma de reduzir custos com a folha de pessoal. Esse fenômeno atinge o setor de seguros, com a demanda crescente por mão de obra externa, em especial nas áreas de inovação e TI. Em paralelo, as empresas recorrem cada vez mais a consultorias para administrar os gastos das terceirizadas com funcionários. O objetivo é gerenciar riscos e, sobretudo, evitar dor de cabeça com a Justiça trabalhista.

Somente a BMS Projetos & Consultoria passou a atender cerca de 700 empresas no gerenciamento de três mil terceirizadas. Através de um software especializado, ela monitora 120 mil trabalhadores em todo o país.

“A ausência de uma fiscalização quanto ao cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias pode acarretar riscos de condenações em processos judiciais. Monitorar a atuação dos fornecedores revela-se, cada vez mais, uma ação estratégica para o negócio – e não somente uma questão tributária”, explica o advogado Bruno Avila, da BMS.

Levantamento feito pela Deloitte, em 2020, corrobora esse fenômeno. A consultoria ouviu 1.145 entrevistados na pesquisa “Governança e Gestão de Riscos de Terceiros”. Os executivos brasileiros apontaram razões a favor do controle de terceirizadas. A redução de custos aparece em 55% das respostas, seguida de proteção e aumento da receita (53%), prevenção de incidentes de terceiros (43%), valorização da responsabilidade da empresa (36%), atendimento de requisitos regulatórios (32%), conformidade com normas internas (30%) e aumento da confiança da marca (29%).

Além das razões apontadas no levantamento, ter preços mais competitivos é uma meta que vem levando cada vez mais empresas a adotar a terceirização nos processos de gestão, inclusive nas atividades principais, como permite a Lei 13.429.

Em 2017, o Brasil possuía 10 milhões de empregados terceirizados, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE. Após a entrada em vigor da lei que regulamenta a terceirização (13.429/2017) e da Reforma Trabalhista, esse quantitativo vem aumentando ano a ano. Segundo o IBGE, cerca de 22% da mão de obra empregada no Brasil é terceirizada.

Estimulada ainda mais pela queda de receitas em decorrência da pandemia de Covid-19, a incorporação de terceiros no dia a dia dos negócios pode, no entanto, tornar-se um problema se não for controlada com rigor. Esse risco vem projetando no mercado as empresas especializadas em gestão de terceiros.

“Ao contratar uma empresa especializada em gestão de terceiros, a tomadora dos serviços terceirizados se beneficia da redução do risco de passivo trabalhista”, diz Bruno Avila, referindo-se tanto à responsabilidade legal pela contratação quanto pelo compromisso de vigiar se a fornecedora de mão de obra cumpre a legislação à risca. 

Mais do que os passivos previdenciários e tributários, o trabalhista é o que mais preocupa no regime de terceirização, alerta o advogado da BMS. Ele define esse débito como “um custo silencioso e devastador”, uma vez que a contratante tem responsabilidade subsidiária em caso de inadimplência da terceirizada com seus trabalhadores.

“Ainda que não haja condenação, a empresa acaba gastando com defesa em juízo, depósitos judiciais, custas e advogados, além de sofrer o desgaste da imagem corporativa”, conclui.

Leia, por fim, a 18ª edição da revista:



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